Viaro leva ballet até Foz do Iguaçu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de junho de 1987
Tinha razão o advogado René Dotti ao ser convidado para a Secretaria da Cultura pelo governador Álvaro Dias em insistir em alguns nomes para cargos em sua pasta. E, se a nomeação de Constantino Viaro para a superintendência da Fundação Teatro Guaíra encontrou algumas objeções junto e camarilha que ocupava aquele órgão, insistindo numa discutível lista tríplice, o fato é que Viaro, nestes 80 primeiros dias de administração vem se mostrando, mais uma vez, o eficiente executivo cultural.
Afinal, experiência não lhe falta. Por todos os organismos que passou, Viaro deixou imagem de administrador correto, homem de boa base cultural e sempre aberto ao diálogo. No Clube Curitibano, fez a melhor gestão como presidente - a tal ponto que havia unanimidade para a sua permanência - o que não aceitou, pois é contra o continuismo.
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Encontrando a Fundação Teatro Guaíra com menos de Cz$ 5 mil em caixa - e enormes dívidas a serem saldas, inclusive com o INPS, Viaro, nem por isto, desanimou. Relacionadíssimo no meio empresarial, convocou amigos para apoiarem os projetos do Guaíra. Apesar dos tempos bicudos que atravessamos, com uma crise galopante que inibe o empresariado de fazer investimentos (mesmo com as vantagens da Lei Sarney). Viaro está conseguindo, pouco a pouco, apoio para suas boas idéias.
Amanhã, quando assinar com o Sr. José Eduardo Vieira, presidente do Bamerindus, um convênio que possibilitará, ainda este ano, uma produção de nível nacional, do Ballet Guaíra, Viaro estará vendo, consolidado, o primeiro grande impulso de sua administração. A idéia que teve - e que entusiasmou ao Presidente do Bamerindus, razão pela qual, apesar da contenção de despesas, mereceu apoiamento - é a de levar o ballet Guaíra e a Orquestra Sinfônica do Paraná a Foz do Iguaçu, para ali, diante do cenário majestoso das Cataratas, apresentar um espetáculo de dança, música, cores e luzes sobre as lendas do Iguaçu.
O roteiro será baseado em textos do historiador Romário Martins e a música será montada com trabalhos que vão de Bento Mossurunga a um compositor boliviano.
Carlos Triencheiras, diretor do Ballet Guaíra, já está trabalhando na coreografia do espetáculo, que será encerrado com um espetáculo de iluminação a laser. A produção ficará ao redor de Cz$ 2 milhões, mas afora o Bamerindus outras doações vindas da iniciativa privada possibilitarão a autosuficiência do espetáculo. Ao menos, esta é a esperança de Viaro, que, como bom administrador, entende que os recursos oficiais - já minguados - devem ser utilizados, prioritariamente, na recuperação de prédios e espaços culturais que, conforme aqui denunciamos na última sexta-feira, 26, estão abandonados. Para produções do Ballet Guaíra há que se buscar recursos extra-orçamentários. E o Bamerindus tem sido o mecenas mais generoso, pois também foi quem adiantou recursos para outra produção do Ballet Guaíra, "O Romance das Sete Luas", de Chico Buarque e Edu Lobo, libreto de Ferreira Gullar - cuja montagem foi adiada para o segundo semestre.
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Mas as boas idéias de Viaro não ficam apenas em Foz do Iguaçu. preocupado em que as produções culturais atinjam realmente o interior, não de uma forma paternalista e assistencial, mas sim, integrando a um esquema turístico, idealizou um espetáculo a ser montado no Parque Estadual de Vila Velha. A primeira proposta seria a montagem de trechos de "O Guarani", de Carlos Gomes. A idéia ainda está sendo burilada, mas tem tudo para dar certo. Ou melhor: tem a competência de Viaro a frente do projeto. Sério, sem demagogias e sem autopromoção - mal de que sofrem muitos oportunistas que se apropriam de cargos no setor cultural.
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