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Aramis

Ballet Guaíra, 20 anos

A propósito dos 20 anos do Ballet Guaíra, comemorados com duas apresentações de "O Grande Circo Místico", mais algumas observações que deveriam ter saído na coluna de terça-feira. Mas que ainda valem serem registradas. Uma performance coletiva do Ballet Guaíra, que deu um toque diferente no revival de "O Grande Circo Místico": por três minutos, num intermezzo bem humorado, a companhia faz uma brincadeira, inclusive portando cartazes com sutil reclamação trabalhista: "queremos aumento de mesadas". Justifica-se: apesar de se dedicarem integralmente à dança, os bailarinos(as) tem salários pequenos - entre NCz$ 230,00 a NCz$ 600,00 e ainda não conseguiram direito de aposentadoria aos 20 anos de trabalho. xxx O próprio maitrê Carlos Triencheiras não tem a remuneração merecida: seu salário é de pouco mais de Ncz$ 500,00 (no mercado oficial), quando, um profissional de sua categoria mereceria, no mínimo, o triplo. Mas, com sua elegância lusitana, não se queixa disto. O que reclama é que o Ballet Guaíra tenha mais chances de fazer apresentações em outras cidades, "pois queremos mostrar, cada vez mais, o que fazemos". xxx Na apresentação de domingo à tarde, o happening criado e desenvolvido pelos integrantes do Ballet Guaíra, teve até uma participação extra com 9 crianças, filhos de bailarinos do grupo. Inclusive Guilherme, 4 anos, e Isadora, 18 meses, do casal Eleonora Greca (primeira bailarina do espetáculo) e seu marido, o bailarino Wanderley Lopes. Vários bailarinos são casados e tem filhos. xxx O happening/performance (no qual as bailarinas inclusive falaram) permitiu que a bela Rita Barreto, que está com problemas na perna esquerda, entrasse no palco de muleta, e fizesse uma participação com muito humor. Foi um toque diversificado neste revival de "O Grande Circo". xxx Casquinha (Ailton Silva), 46 anos, 23 de Guaíra, há 13 trabalhando como Ballet Guaíra, diz que este é o trabalho, de todas as montagens, com que mais se identifica: como contra-regra, entra várias vezes no palco, para retirar peças e adereços de diferentes números. E Casquinha é um veterano do circo, filho de um casal de artistas circenses - Pereira França (1920-1984) e a equilibrista Nina, sobrinha de outro velho circense, Juve Garcia, 70 anos - que depois de muito caminharem por circos e pavilhões, aposentaram-se como funcionários da Fundação Teatro Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/05/1989

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