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Viaro, um elevador de competência no Guaíra

Se o advogado Constantino Viaro sofresse do mal da vaidade - tão comum para alguns donos do poder nesta mui leal N.S. da Luz dos Pinhais - por certo que teria convocado um fotógrafo para estar em seu gabinete no entardecer de sexta-feira, 22. É que naquele momento, com a presença apenas do diretor administrativo Joel de Oliveira, a Fundação Teatro Guaíra sacramentou a instalação de um elevador para o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Um cheque no valor de Cz$ 10 milhões foi entregue ao Sr. Tito Fior, gerente de estudos e projetos/transporte vertical de Elevadores Sur S/A que, no prazo máximo de um ano, entregará o ascensor instalado - com capacidade para 25 pessoas. O preço em valores de hoje seria de Cz$ 30 milhões. A Sur recebeu apenas Cz$ 10 milhões - tranferindo Cz$ 20 milhões como contribuição pela Lei Sarney. Fez mais: vai manter o preço deste mês quando, na verdade, o custo deverá triplicar em um ano - prazo necessário para a instalação. xxx Parece incrível, mas a única grande obra física da área cultural nesta administração é a que está sendo deslanchada no Teatro Guaíra, incluindo não só a implantação do elevador no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, mas também uma ampla sala de ensaios para a Orquestra Sinfônica, no porão do teatro; uma concha acústica no palco; um bar devidamente instalado e outras obras. Há pouco mais de dois anos, ao assumir a superintendência do Teatro Guaíra, Constantino Viaro encontrou menos de Cz$ 5 mil em caixa, dívidas com a previdência social e uma situação financeira caótica - que levaria aliás o ex-diretor administrativo da casa e dois de seus assessores à cadeia. Silenciosamente, trabalhando organizadamente, Viaro sanou as finanças, reestruturou a forma de atuação administrativa do Teatro e hoje já dispõe de dinheiro em caixa suficiente para empreender as obras que desde a inauguração do Teatro se faziam necessárias - mas que vinham sendo adiadas com a desculpa de "falta de recursos". Realmente, quando o secretário da cultura insistiu para que Viaro assumisse a superintendência da Fundação estava num momento de feliz inspiração: de toda a equipe nomeada para a área cultural - e na qual houve muitas escolhas infelizmente (preço que o fracasso em certas áreas confirmam agora), Constantino foi aquele que se poderia, com toda razão, classificar de o homem certo no lugar exato. xxx Aos 50 anos, vindo de experiências bem sucedidas em todas as atividades que exerceu - desde seus tempos de repórter social e cultural de "O Estado do Paraná", quando aqui editava a coluna "Dicas da Sociedade" e viabilizava promoções sociais que movimentavam a cidade, idealizadas em conjunto com Denisio Belotti e, principalmente João Féder (hoje conselheiro do Tribunal de Contas, na época secretário de redação da "Tribuna do Paraná"), Constantino Viaro sempre teve uma boa estrela e muita competência. Diretor administrativo por duas ocasiões da Fundação Cultural de Curitiba (inclusive em sua implantação), diretor de pessoal e administrativo da Prefeitura, foi sempre um executivo da maior competência. Na presidência do Clube Curitibano, fez a melhor administração nos últimos 40 anos e só por ser contrário ao continuismo é que não quis a tranqüila reeleição. Filho único de uma das maiores expressões das artes plásticas do Brasil, o pintor Guido Viaro, Constantino cresceu num ambiente cultural e, somando seu lado prático, se firmou como um dos raros administradores com boa base cultural. Independente em termos financeiros, bem relacionado e corajoso em suas posições (nunca deixa de dizer o que pensa), foi a escolha certa para reerguer o Teatro Guaíra, após a calamitosa administração cultural no infeliz governo José Richa. xxx Assim como a Biblioteca Pública do Paraná necessita urgentemente de uma ampliação para atender os milhares de leitores que a procuram diariamente - projeto em fase de banho-maria, ameaçado de ser adiado sine-die em sua execução pela eterna (e esfarrapada) desculpa de "falta de recursos", o Teatro Guaíra necessita de ao menos um (dos quatro) elevador(es) previstos no projeto original do arqiteto Rubens Meister. Inaugurado a toque de caixa há 14 anos, o acabamento do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto vem sendo sempre adiado. O ar-condicionado é uma quimera, o improvisado bar no saguão lateral é uma vergonha em termos de atendimento e istalações e, mais grave, a inexistência de um elevador impede que centenas de pessoas, com deficiências físicas, cardíacos e idosos, possam assistir aos espetáculos ali apresentados - pois mesmo para a platéia central há necessidade de subir um lance de escadas. Assim, só o fato do elevador ter sido desencantado já justifica a passagem de Constantino Viaro pela administração do Teatro. xxx A Sur, hoje um conglomerado de seis poderosas empresas (uma delas, a Sur-Coester, começa agora a montar o primeiro trecho do aeromóvel do mundo, em Jacarta, capital da Indonésia), e que tem ligações com a inglesa Stage Hall (que há 20 anos vendeu o equipamento de palco para o Guaíra), entendeu a importância promocional de que funcione um elevador com sua marca no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Esta foi a determinante para o fornecimento de uma sofisticada aparelhagem (o elevador terá características especiais, inclusive controle por computador) a um preço (quase) simbólico - considerando-se o que custa um elevador comercial. Entre os 22 mil elevadores que a Sur implantou e supervisiona em prédios do Brasil, 950 encontram-se em Curitiba - em funcionamento e mais de 250 em instalação. Entre os quais já montados, há dois moderníssimos, panorâmicos, um para um prédio em construção na Rua Desembargador Motta e outro, num edifício de 41 andares em Maringá.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/09/1988

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