No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de setembro de 1988
Nelson Angelo e Helvius Vilela chegaram na quarta-feira em Curitiba para ensaiar com músicos da cidade - Belém (baixo), Moracy (bateria) e o grupo As Nymphas - o espetáculo que apresentariam nos dias 24 e 25 no Paiol. Infelizmente, problemas de agenda do teatro e horários com o pessoal da terra impediu que os ensaios fossem realizados. Some-se o precaríssimo sistema de som do teatro e o resultado não poderia ser mais caótico: o belo programa idealizado para as duas apresentações dos músicos-compositores mineiros acabou indo para o brejo e a estréia foi um desastre. Não por culpa dos profissionais, mas pela falta de melhor estrutura de produção.
Paquito Modesto vem tentando reativar o Paiol. Bem relacionado, dinâmico, faz das tripas coração para sanar dificuldades e está inclusive tentando organizar uma programação comemorativa aos 17 anos do teatro, em dezembro. Só que para isto precisa aquilo que há anos é negado pela administração da Fucucu: apoio. Talvez agora, neste final de gestão, os donos do poder cultural no município lembrem-se da existência do Paiol que já foi o grande núcleo artístico da cidade.
Apesar dos problemas técnicos - especialmente de som, Nelson e Helvius apresentaram músicas bonitas, pois competência não lhes falta. Ambos têm longa carreira, discos gravados e merecem voltar com melhores condições.
Mara Fontoura, líder d'As Nymphas, desistiu de transferir-se ao Rio, cortou a história do casamento e está em maré alta: deixa o Audison e junto com três colegas que também trabalhavam no estúdio de Reinaldo Camargo - Ricardo Saporski, Álvaro Pinto e João Paredes - inaugura na primeira semana de outubro o Gramophone (Rua Comendador Araújo, galeria São Pietro), investimento de US$ 15 mil, com equipamento sofisticadíssimo, pretende atuar firme na área de jingles, spots e produções especiais. Todos os sócios são músicos e conhecem a técnica, de forma que oferecerão preços competitivos.
O mercado de gravações começa a ter uma salutar concorrência: Percy Tamplim ficou tão rico, mas tão rico, com o Sir, que hoje só se dedica às caríssimas produções em vídeo - caminho que também está sendo seguido por Reinaldo Camargo, da Audisom. Assim, a área de áudio passa a ser disputada por jovens ativos, nos estúdios Fio & Terra, o 7 Som e, agora, o Gramophone. Já instalado - e com grandes recursos tecnológicos - Romário Borelli inaugurou às margens do Largo Barigüi, a filial curitibana do Álama - um dos três maiores estúdios do país.
Já que estamos falando acima nas Nymphas, uma boa nova: após muita paralisação, o afinado grupo vocal está sendo reestruturado, com Mara no comando, as irmãs Carmem e Cristina Becker, Miriam Lau, Rosa Lídia (que não dispensa a carreira solo e promete um show individual para outubro) e, retornando após anos de dedicação apenas à vida religiosa - Soraya Tuma. Com dois elepês gravados, As Nymphas já sonham com um terceiro disco.
O jornalista Luís Nunes Moreira, assessor de imprensa da Universidade Federal do Paraná por muitos anos, é candidato a vereador e está calcando sua campanha numa faixa pouco lembrada pelos que disputam o Legislativo municipal: o setor cultural. Se eleito, diz Moreira, vai lutar para que as escolas funcionem, nos finais-de-semana, como centros culturais dos bairros.
Quem também espera beliscar votos nesta área é outro jornalista, o colunista social Ruy Barroso - que há quase dois anos já vem fazendo sua campanha.
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