A volta de Richie Havens
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de abril de 1988
Embora concentrando sua força maior na edição de trilhas sonoras - e atingindo assim um público potencialmente fiel - a SBK Songs está também sabendo diversificar sua produção, com lançamentos excelentes. Assim trouxe um disco do violonista-compositor-arranjador Oscar Castro Neves, um álbum do jazzista Paul Winter Essemble, gravado com músicos e cantores russos e, um novo disco de Richie Havens, cantor, compositor, guitarrista, ator, ativista, poeta, produtor - uma espécie de símbolo de uma geração desde sua lendária apresentação em Woodstock, há quase 20 anos.
Aos 14 anos, Richie já atuava no McCrea Gospel Singers, uma brincadeira que marcaria definitivamente sua incursão no mundo da música. Mas foi após Woodstock, que Havens fez inúmeras tournées, sendo talvez o único artista que conseguiu se apresentar, num mesma época, nas embaixadas do Egito e Israel, no auge da crise política entre os dois países, com o "hit" de "Shalom Salaam Aliekim", êxito entre árabes e judeus.
Havens ajudou a criar entidades voltadas para a educação de crianças aleijadas e cegas e sempre mostrou preocupação ecológica, especialmente em defesa das baleias. No cinema, atuou num documentário sobre seu amigo Jimi Hendrix (1943-1970).
Ao lançar seu último lp ("Sing Things", agora no Brasil), Havens encontrou uma alternativa nova em sua carreira musical. Em baladas como "Drivin", "Simple Things", "Shoudn't We All Be Having a Goos Time" e "Runner in the Night", torna-se visível os resultados da parceria Havens com Jim Tullio, produtor-arranjador deste álbum, a quem credita grande parte do sucesso. Temos momentos musicais que revelam a temática voltada para a decifração e entendimento da condição humana. Um estilo de composição ao qual Havens se mantém fiel - e que passando dos anos 60 aos 80, demonstra uma grande integridade artística.
LEGENDA FOTO - Havens: integridade e coerência
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