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Aramis

A volta dos Everly e os novos do som pop

Não foi sem razão que a imprensa internacional, na área musical, saudou com carinho o retorno dos Everly Brothers. Afinal, a separação, há 13 anos, de Don (37 anos) e Phil (39), foi um corte na carreira de um duo que, filhos de uma dupla de cantores country (Ike e Margaret Everly) teve carreira marcante por muitos anos, já que em 1956, ainda crianças, já eram contratados da Columbia. Emplacaram muitos sucessos, influenciaram outros artistas (inclusive os Beatles no início). Mas a partir de 1973, quando separaram-se, não conseguiram, em vôos solos, obter maior rendimento artístico. Ao contrário, mergulharam no mundo das drogas e do álcool. Felizmente, resolveram voltar superando problemas com drogas e as diferenças pessoais e em 1982, ao vê-los cantando no Albert Hall, o público viu mais do que um reencontro. Emocionou-se com duas pessoas identificadas em corpo e som e cujo afastamento só havia prejudicado a ambos. Assim, em agosto de 84, saiu o primeiro lp do duo desde 1973, chamado "Everly Brothers'84", produzido por Dave Edmunds. No ano passado, novo disco - "Born Yesterday", que agora a Polygram lançou no Brasil. No lp estão 12 bonitas canções, entre elas "Why Worry" de Mark Knopfler (do lp "Brothers in Arms" do Dire Straits), "Abandoned Love" (Boby Dylan) e a canção-título, de Don Everly. xxx O que é o rap? Um entre tantos modismos musicais do mercado consumista? Ou tem algo a mais? Kurtis Blown, considerado "O rei do rap", em seus dois primeiros lps ("Christmas Rippin" e "The Breaks") incluiu canções com temas sociais às letras. Agora, nesta época de Rambos, explosões nucleares e terrorismo, Kurtis fez um lp chamado "América" no qual evoca diferentes temas: em "If I Ruled The World" os problemas gerados pela fome do poder, enquanto que em "Hello Baby" a procura é de uma doce companhia. xxx Por mais boa vontade que se tenha, é difícil ouvir um grupo como o Autograph (RCA). Da linha mais pesada do hard, este quinteto é extremamente agressivo nas faixas de seu disco, com o uso máximo da parafernália eletrônica. Só mesmo a quem deseja colocar em risco seu aparelho auditivo. Mas como há público para tudo... Também numa linguagem hard, mas sem tanta agressividade como o Autograph, o Arcadia formado por Roger Taylor, Nick Rhodes e Simon Le Bon, traz em "So Red The Rose" (Parlophone/Odeon), um repertório próprio, com músicas (?) como "Election Day", "Keep Me In The Dark", "Goodbye Is Forever", "Missing" e outros. Para compensar estes grupos que surgem (e desaparecem) com extrema rapidez, há também aqueles conjuntos consistentes, que resistem ao tempo. É o caso do The Alan Parsons Project, retornando via Arista - selo agora distribuído pela RCA - com o interessante "Stereotomy", uma nova coleção de temas bem desenvolvidos, três dos quais são instrumentais: "Where's The Walrus?", "Chinese Whispers" e "Urbania". Alan Parsons, é bom lembrar, é um músico inglês, criador de um rock elaborado, que chegou a definir de "música de câmara" e foi, já, comparado ao trabalho de Pink Floyd, grupo do qual foi produtor. Ao lado de Eric Woolfsong (letrista e tecladista), Alan lidera o grupo que, originalmente, era formado por David Paton (baixo), Stuart Elliot (bateria) e Ian Bainston (guitarra). Como o grupo não se apresenta ao vivo, em cada elepê Alan Parsons sempre convocou outros músicos, cantores, às vezes uma orquestra completa. A participação especial de Al Jarreau, o extraordinário vocalista-orquestra, em "Day By Day", é o destaque maior do lp do grupo Shakanatak, que a Polygram trouxe ao Brasil no suplemento do mês passado. O quinteto é formado por Bill Sharpe (teclados), Rober Odell (bateria), Keith Winter (guitarra), George Anderson (baixo) e Jill Saward (vocalista). Outros conjuntos que a mesma Polygram está testando no mercado: o Fine Young Cannibals, trio básico estruturado por Andy Cox (guitarra), Roland Gift (vocais) e David Steele (teclados), mas que tem apoio de um baterista (Martin Barry) e um pistonista (Graeme Hamilton) nas nove faixas deste disco de introdução no mercado. Outros conjunto: Double, já com uma faixa catapultada ("The Captain of her Heart") e tendo a curiosidade de incluir um suave saxofonista/flautista (Christian Ortermeier) e um bom trombonista (Bob Morgan) na faixa "Woman of The World".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
2
11/05/1986

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