Agora, vamos ouvir novamente os veteranos Jolson e Powell
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de junho de 1990
Alegrai-vos nostálgicos do (melhor) cinema musical americano. Uma preciosa coleção reeditando êxitos avulsos de oito grandes estrelas-vozes dos golden years de Hollywood acaba de ser colocado nas lojas graças a WEA, detentora dos direitos da ACA Records - por sua vez sucessora da Decca, que entre 1930/60 teve um elenco milionário. Remixados cuidadosamente, uniformizados em suas capas e com encartes tendo as mínimas informações, Star of Hollywood é daquelas séries que tanto os mais velhos - que já possuíam muitas gravações, isoladamente, como os de meia idade - que não viveram a tempo para ver ídolos com Al Jolson, Dick Powell e Marlene Dietrich no auge de suas carreiras, terão prazer de agora ouvir - em momentos iluminados, em edições que, logo, devem sair também em CD.
AL JOLSON (Asa Yoelson, Srednick, Russia, 26/5/1886 - São Francisco, 23/10/1950) ficou na história do show bussines como o cantor (branco) que interpretou o (negro) "O Cantor de Jazz", 1927, de Alan Crowsland, o primeiro filme totalmente falado (e cantado) que a Warner Bros produziu há 63 anos. Nome famoso na Broadway, Jolson faria outros filmes e seus discos há muito eram preciosidades no Brasil. Agora, em dois lps, há uma cuidadosa seleção de seus filmes e peças. Assim, do primeiro filme "The Jazz Singer" foi selecionado "Toot Toot Tootsie Goodbye2"; de "The Singing Fool" (1928), "Sonny Boy" e "There's rainbow round my shoulder"; de "Mammy" (1930), "My Mammy" e "Let me sing and I'm happy"; de "Rhapsody in Blue" (1945), "Swanee" (uma de suas maiores criações) e "Liza". Esta, foi aliás, a última participação de Jolson num filme. Em 1946, ganhou uma cinebiografia, "Sonhos Dourados" (The Jolson Story), com Larry Parks, que voltaria em 1949, numa seqüência, "Jolson Sing Again".
DICK (Richard Ewing) POWELL (View, Arkansas, 14/11/1904 - Hollywood, 3/1/1963) foi ator, cantor e, na última fase de sua carreira, diretor de filmes. Ainda menino, já cantava na igreja e tocava saxofone em bandas de danças, além de ser crooner na orquestra de Charlie Davis e animador no Stanley Theater de Pittsburg, onde um "talent-scout" da Warner o descobriu e o levou para a Warner onde esteou em 1933, no filme "Blessed Events", 1932, que só tinha duas canções. Em 1933, faria "College Coach", com Ann Dvorak (1911-1979) e "Footlight Parade", no qual iniciou a parceria com Rubj Keeler e a série "Cavadoras de Ouro". Os sucessos explodiram na segunda metade dos anos 30: "Wonderbar", "Twenty Millions Sweetharts", "Flirtation Walk", "Thanks a Million", "Collens", "Varsity Show" e a série "Golden Diggers..." (Cavadoras de Ouro), com várias edições. Quando deixou de ser galã de musicais passou a ser ator, marcando com filmes policiais dos anos 40 e, ao chegar a década de 50, já tendo sido casado com as atrizes Joan Blondell e June Allyson, revelou-se bom diretor, estreando em "Suplicio de um Condenado" (Split Secondes, 53) e fazendo a seguir uma superprodução, "Sangue de Bárbaros" (The Conqueror), que rodado no Novo México, no deserto onde haviam sido feitas experiências com bombas atômicas, teve uma trágica coincidência: elementos da equipe técnica, os principais intérpretes (John Wayne, Susan Hayward) e o próprio Dick viriam a morrer de câncer. Só June Allyson, sua esposa, na época - e que acompanhou as filmagens - continua viva, hoje aos 77 anos, completados no dia 7 de outubro. Dick dirigiu também uma refilmagem de "Aconteceu Naquela Noite" ("Só uma Noite", 56, com June e Jack Lemmon) e dois bons dramas de guerra, recentemente reprisados na televisão: "Raposa do Mar" (The Enemy Bellow, 57) - que de certa forma, antecipou a "Caçada ao Outubro Vermelho" (em cartaz no Lido II) e "Raposas do Espaço" (The Hunter's, 58), com Robert Mitchum e Robert Wagner, ambientado na guerra da Coréia.
O jovem Dick cantante dos anos 30, pode ser ouvido no lp da WEA em músicas de três dos seus primeiros filmes: em "Thanks a Million", que atuou com Ann Dvorak, Patsy Kelly e a orquestra de Paul Whiteman; em "Singing Marine" teve como parceira Doris Weston. Em "Gold Diggers of 1937" a estrela foi Joan Blondell, sua segunda esposa.
LEGENDA FOTO - Dick Powell (1904-1963) em seus anos de cantor-galã dos musicais da Warner. No final da vida, foi um bom diretor de cinema.
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