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Aramis

Baianos aplaudem o Balé Guaíra

Quando o governador Ney Braga, há mais de um ano, prometeu oficialmente que desejava ver o Ballet Guaíra como o melhor do Brasil, não fez uma afirmação gratuita. O antigo Corpo de Baile da Fundação Teatro Guaíra reúne, hoje, condições de expandir um trabalho cada vez mais profissional. No momento em que a vinda ao Brasil do mais badalado bailarino do mundo, o russo Mikhail Barishnikov (apresentação no Guaíra, dias 15 e 16, com os menores preços em todo o País: de Cr$ 400,00 a Cr$ 2 mil), provoca um interesse pela dança da parte das mais diferentes faixas de público (poucas vezes uma tournée de um bailarino merece tamanha cobertura nacional), o Ballet Guaíra vem somando novos elogios. Depois da temporada no Municipal de São Paulo, com bom público e referências positivas da (pequena) crítica especializada, há um mês, as 4 apresentações feitas no Teatro Castro Alves, em Salvador, somente confirmando o trabalho positivo que o coreógrafo português Carlos Trincheiras, ali vem desenvolvendo. De quinta-feira a domingo, mais de 4 mil pessoas aplaudiram demoradamente os diferentes programas apresentados pelo Ballet Guaíra, que, alternando a primeira parte, manteve, entretanto, como o grande final, << Petruchka >>, com a coreografia original de Fokine (1880-1942) e música de Igor Stravinski (1882-1971). Os aplausos, que o público baiano deu as apresentações da Ballet Guaíra adquirem ainda maior significado quando se observa que as suas apresentações se integraram a um mês de dança, promovido pela Fundação Cultural da Bahia, reunindo grupos de diferentes tendências e estilos. De 1.º a 4 de maio, foi o M`Boiuna - Grupo Experimental de Danças da Universidade Federal da Bahia. De 8 a 11 apresentou-se Teatro Alves o Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo. De 16 a 18 foi p Ballet Theatre Du Silence - que também esteve em Curitiba e, antecipando ao Ballet Guaíra, entre 22 e 23, houve a Jornada de Dança Margarida Parreira Hortã. O encerramento desta promoção será com o Ballet Folclórico da Hungria, dias 6 e 7 - o mesmo conjunto que no dia 9, segunda-feira da próxima semana, estará dançando no Guaíra. xxx Com sua experiência de coreógrafo internacional, vindo há um ano para Curitiba diretamente de Lisboa, onde era contratado da Fundação Gulbenkian, Trincheira procurou montar programas diferentes para cada noite, o que fez com que algumas dezenas de apreciadores da dança não se restringissem a uma única presença, mas voltando de quinta-feira a domingo (29 de maio a 1.º de junho) no Teatro Castro Alves. Assim, na estréia, houve a << Raymonda >>, com coreografia de Petipa e música de Glauzunoff e a << Dimitriana >>, música de Shostakovitch e Capdville. Na sexta-feira, o << grand Pas de Quatre >>, com música de Cesare Pugni, << O Canto da Morte >> música de Mahler e << Vórtice >>, música de Varese e << Ao Crepúsculo >>, marcaram a primeira parte. No sábado, << Sinfonia 3 >>, música de Stravinski, << Lamentos >>, música de Henk Baddings e Silvano Bussotti e, em estréia nacional, a primeiro andamento de << Inter -rupto >>, música de Barber - que, integralmente, terá apresentação no final deste mês, em Curitiba. Em todas as noites, a última parte foi ocupada por << Petruckka >>, a grande produção do Ballet Guaíra neste primeiro semestre: utilizando todos os integrantes do grupo oficial, mais crianças especialmente convidadas, cenários imensos (execultados segundo a idéia original de Alexandre Benois), este balé, de forte apelo visual a comunicação com todas as faixas - mostrou profissionalismo, tanto é que o mesmo será levado ainda este ano ao Rio de Janeiro(Teatro João Caetano) e Belo Horizonte (Fundação Palácio das Artes), entre outras capitais já programadas. Dentro do espírito de valorização os solistas do Corpo, Trincheiras fez com que houvesse uma justa rotatividade nos papéis centrais, não só permitindo a todos tem um destaque, mas também garantindo assim o espirito de equipe, sem estrelismos - que faz com que o Ballet Guaíra tenha hoje grande integração. Em << Petruchka >>, o personagem-título tem em Jair Moraes o único intérprete - mas << a bailarina >> foi alternada entre Eleonora Greca e Christina Kammuller, enquanto o mouro entre João Carlos Caram e Geraldo Lachini. Bettina Dalcanlle, alternando com Christina Kammuller, esteve em todos os programas da primeira e segunda parte. Na sexta-feira, um número especialmente mereceu entusiásticos aplausos: << Vórtice >>, com Christina Kammuller - uma bailarina de extraordinário beleza e força no palco, ao lado de Francisco Duarte. xxx A crítica especialidade, nesta difícil arte da dança, já tem feito referências ao nível de seus integrantes. Dentro da preocupação de levar o trabalho do Ballet Guaíra ao máximo número de jovens, na próxima semana haverá uma série de apresentações de << Petruchka >>, com explicações didáticos, voltadas especialmente aos alunos do 1.º e 2.º ciclo, num trabalho que deve ter continuidade no 2.º semestre - quando já estará sendo preparado << O Quebra-Nozes >>, a grande produção do final do ano. Aproveitando a presença em Salvador, Trincheiras e Lorace Setragni fizeram audições com vários bailarinos e bailarinas, selecionando os que tem melhores condições para virem concorrer nas provas a serem realizadas em Curitiba, para contratação de novos integrantes a este corpo estável da FTG - que confirma a validade de um trabalho ininterrupto, que mesmo com mudanças em sua direção, hoje já pode, com orgulho, representar o Paraná, em nível nacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
03/06/1980

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