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Aramis

Barbra, Anita, Etta e Mice, vozes na praça

Quatro excelentes vozes internacionais. Estilos diferentes para públicos idem mas identificados pela qualidade. Desde a superstar Barbra Streissand à estreante (para os brasileiros) Mica Paris, passando pela suavidade de Anita Baker e o calor jazzístico de Etta James. Barbra Streissand, 47 anos, há muito um dos maiores nomes do show business, dispensa adjetivações. São 50 milhões de discos vendidos (11 de platina, 36 de ouro), 2 Oscars, 1 Emmy, 11 Golden Globes e 8 Grammies - prêmios que culminaram, ano passado, com o obtido pela vendagem do "Broadway Album" (3 milhões de cópias), o que a consagrou como melhor intérprete pop feminina. No cinema, há muito deixou de ser apenas a comediante: provando seu lado dramático, foi assumindo funções e acabou dirigindo "Yentl", da qual também foi estrela. "Till I Love You" (CBS) é seu novo disco - e candidato já para ficar entre os melhores do ano. Também veja a equipe de produtores convocados: Quincy Jones, Phil Ramone, Burt Bacharach e Carol Bayer Sager. A música título traz um dueto com Don Johnson (o galã do seriado "Miami Vice") e fala de uma relação amorosa, seus conflitos. "Till I Love You", faz parte da ópera-pop "Goya", que ainda não estreou na Broadway - e que no Brasil foi gravada por Simone (em duo com Plácido Domingo) sob o título "Apaixonou" (lp "Sedução", CBS). Don Johnson também participa em "What Were We Thinking Of" (Scott Cuttler/Antonina Armato), na mesma linha romântica de "All I Ask Of You" tema de "O Fantasma da Ópera"). "Two People", da própria Barbra, faz parte da trilha de "Querem Me Enlouquecer" (seu penúltimo filme, no qual criou uma trilha exclusivamente instrumental); uma trilogia vem assinada por Burt Bacharach - "Love Light", "You and Me For Always" e "One More Time Around". Michel Legrand, ausente há tempos, comparece com "On My Way To You", enquanto dos letristas habituais parceiros de Legrand - o casal Marilyn e Alan Bergman, compuseram "Why Let I Go?", com Alan Hawkshaw. No final de cada ano, é difícil selecionar 10 melhores músicas internacionais: com este álbum de Barbra (o primeiro que faz desde 1985), já há pelo menos duas para serem catalogadas. xxx Anita Baker é dona de uma pureza vocal e de uma incontestável técnica de interpretação e em seu segundo álbum pela Elektra (WEA no Brasil) "Giving You The Best That I Got", confirma sua posição de destaque. Neste álbum desfilam R&Bs de tirar o fôlego, blues marcantes. A carreira de Anita começou aos 12 anos, em Detroit, ao lado de seu avô, um pregador protestante. Ouvia a programação de jazz da rádio WJZZ e começou a cantar com suas colegas e no coro da igreja - como tantas outras grandes vocalistas iniciava. Só que variava do gospel a "Imigrant Song", sua favorita do repertório de Led Zepellin. Depois entraria no Chapter 8, uma das principais bandas de Detroit, com quem fez seu primeiro disco, há 9 anos passados. Ali também conheceu o tecladista Michael Powell, que mais tarde produziria "Rapture" e "Giving You...". Um rompimento de contrato fez Anita desanimar e por algum tempo acabou sendo secretária num escritório de Detroit, até que um selo independente de Los Angeles, o Beverly Green, lhe deu a chance de gravar o lp "Songtress" (1983), do qual "Angel" saiu para a parada de sucessos. Veio então para o Elektra e com seu primeiro lp ganhou dois Grammy (melhor vocalista e melhor canção de Rhythm & Blues - "Sweet Love") e o título de "Melhor Vocalista Feminina do Ano", da revista Rolling Stones, impulsionou ainda mais sua carreira. O festival de Montreaux, excursões internacionais, um terceiro Grammy (melhor performance gospel) e, no ano passado, o elepê que agora chega ao Brasil, com faixas como "Princeless", a bela "Lead Me Into Love", com Baker duelando com o piano acústico de um convidado especial - George Duke. No lado dois, "Good Enough" (James McBride), um dos pontos altos. No ótimo instrumental que a acompanha (baterias Omar Hakim, baixista Nathan East etc.), destaca-se o percussionista brasileiro Paulinho da Costa. xxx Figura lendária, em mais de 40 anos dedicados à música, Etta James também mostra um vigor notável em seu novo lp ("Seven Year Itch", Island/WEA). Grande intérprete de R&B e blues, Etta recebeu de um grande amigo, Chuck Berry, o empurrão para retornar com força nos palcos. Foi nos 60 anos de Chubby, em outubro de 1986. Uma constelação de astros de música, quando Berry atacou "Rock and Roll Music" e chamou Etta ao palco. Tudo registrado no documentário de Taylor Hackford. "Heill, Hail Rock'N Roll" e na trilha homônima - ambas já lançados no Brasil. O impacto foi tão grande que o público exigiu que Etta fizesse um novo disco e assim saiu "Seven Year Itch" - irônico título que lembra a peça de George Axerold, que Billy Wilder transformou numa antológica comédia com Marilyn Monroe e Tom Ewell (no Brasil, "O Pecado Mora ao Lado", 1955). Nas dez faixas deste álbum, Etta desfila um repertório impecável, com composições de Ottis Redding e Carlo Hampton e Raymond Hampton. Se Etta James (Los Angeles, 1938), com 33 anos de carreira (lançada pelo famoso líder de bandas de rhythm and blues, Johnny Otis) é uma veterana, temos paralelamente no mesmo pacote de lançamento da WEA, o disco de uma cantora que começa a aparecer: Mica Paris, nascida num bairro do Sul de Londres, mas de raízes na Jamaica (com ancestralidade cubana por parte de mãe). Imaginem aonde começou a cantar? Isto mesmo! Nos coros das igrejas, ouvindo grupos de gospel. Há dois anos, quando ela só tinha 16 anos, conheceu quatro cantores de gospel. Suas vozes combinaram e foi montado o quinteto "The Spirit of Watts", que fez um considerável sucesso em Londres. Ouvinte atenta de artistas como Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Luther Vandross, decidiu partir para o estilo gospel. O conhecimento com Mark Rogers, do Hollywood Beyond, a transformou em vocalista deste grupo entre o verão inglês de 1986 até julho de 1987. Depois, com o baixista da banda Style Council, Paul Powell, veio um trabalho maior e com outro nome famoso, o cantor Paul Johnson, Mica chegou à gravação de seu primeiro álbum - antecedido porém do compacto "My One Temptation", que ficou entre os 10 primeiros na parada inglesa. O segundo compacto, "Like Dreamers Do", teve a participação do mais famoso saxofonista da atualidade, Courtney Pine. E, no ano passado, 22 de agosto, ia para loja seu primeiro lp, "So Good" - que agora chega ao Brasil. Participação de vários músicos, inclusive Pine, destacam-se das dez faixas, o dueto de Mica com Paul Johnson ("Words Into Action") e a interpretação de Mica e Pine em "Dreamers Do" e as belíssimas "Don't Give Me Up" e "So Good", que dá título a este disco. LEGENDA FOTO - Premiada com o Grammy, Anita Baker tem seu novo álbum ("Giving You The Best That I Get") lançado simultaneamente no Brasil e EUA.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
26/03/1989

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