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Aramis

Bibi, a fair lady de nosso teatro

Quando Bibi Ferreira atuou em "O Fim do Rio", uma das primeiras produções da Pinewood Studios, após a II Guerra Mundial, já era uma veterana nos palcos. Afinal, filha de dois grandes artistas, Procópio Ferreira (Rio de Janeiro, 1889-1979) - nos palcos desde 1916 com "Amigo, Mulher e Marido" (L'Ange de Foyer, de Robert des Flers e Caillavet) e da atriz Aida Isquierdo, o bebê Abigail, aos 24 dias de idade, já fazia uma "pontinha" na montagem de seu pai de "Manhã de Sol", de Oduvaldo Vianna (1892-1972). São portanto, 70 anos de vida artística, embora, em termos oficiais, o "Bibi in Concert" comemore 50 anos profissionais - considerando que em 1940, começava mesmo profissionalmente, naturalmente ao lado do pai, em "La Locandiera", de Goldoni. E nestes 50 anos, Bibi fez de tudo em termos artísticos: em 1934, aparecia no filme "Cidade Mulher", de Humberto Mauro (em 1949, era o primeiro nome do elenco de "Almas Adversas", de Leo Maten, que tinha entre seus produtores-roteiristas Lúcio Cardoso); fez centenas de peças, revelou-se uma de nossas melhores diretoras e, dona de bela voz (com vários discos gravados) seria a estrela das mais bem sucedidas montagens de musicais broadwianos feitas no Brasil - como "My Fair Lady" e "O Homem de La Mancha", ainda nos anos 60, passando depois a musicais de uma outra linha - como o dramático "Gota D'Água" (de Chico Buarque e seu falecido marido, Paulo Pontes), e "Piaf", sua última grande apresentação, que a trouxe a Curitiba, pela última vez, há 3 anos, no Guaíra. Incrível vitalidade, continua a dirigir grandes espetáculos - trabalhando atualmente em duas produções - uma remontagem de "Menomalle", de Juca de Oliveira e "Não Explica que Complica". Em junho último, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, houve a estréia nacional de "Bibi in Concert", um revival com os melhores momentos de sua longa carreira. Produção caríssima - acima de Cr$ 1.500.000,00 - com orquestra de 40 músicos, a temporada não teria seqüência se a corajosa Miriam Dauelsberg, não decidisse levá-la a outras cidades. Confiante na garra de Luís Fernando Bonin, 33 anos, da Tear - Associação de Theatro e Arte, decidiu que um roteiro especial deste superespetáculo deveria ser agilizado a partir de Curitiba. Mesmo sem nenhum centavo de patrocínio - mas contando com a boa vontade de 40 músicos de formação erudita de Curitiba, com regência do maestro Emanuel Martinez, hoje à noite, no Guaíra, acontece a única apresentação deste espetáculo, cujos detalhes da programação há foram bastante divulgados - e que, mesmo repetindo o chavão, só pode obter a classificação de imperdível. Se não fosse pela beleza dos momentos selecionados - um verdadeiro caleidoscópio do melhor que uma das maiores damas do teatro contemporâneo tem feito ao longo de uma das mais dignas carreiras - pela homenagem que merece.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
29/07/1990

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