As canções que nem foram apresentadas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de março de 1989
Quem ficou acordado até as 2:15 horas da madrugada de ontem, quinta-feira, assistiu em detalhes - já que a festa foi transmitida por televisão para 91 países (incluindo, pela primeira vez, a URSS) e atingindo um público de aproximadamente um bilhão de telespectadores. Todos ligados à magia do cinema no seu evento de maior marketing promocional, que, ano a ano, desde 1929 (quando foram entregues os prêmios referentes à temporada 1927/28), se repete, em Los Angeles - e tendo ganho, nos últimos 25 anos, um público mundial.
Eliminando os apresentadores tradicionais, trazendo artistas da velha e nova geração, rememorando clássicos momentos do cinema musical, a festa foi cronometrada ao máximo e assim, desde a abertura - como a passagem de ídolos do passado como Alice Faye, Cyd Charisse, Roy Rogers e Dale Evans, Vincent Price - até o discurso final, do produtor Mark Johnson, de "Rain Man" - o grande favorito - a produção teve um ritmo dinâmico, embora não se igualasse às primeiras edições televisadas, nos anos 70, no qual o impacto visual era maior.
Bob Hope, 86 anos - e que durante 16 vezes foi o mestre de cerimônias do Oscar, ao lado de Lucille Ball, 71 anos (e que já esteve em 26 festas do Oscar) foram a imagem das festas do passado - quando Hope, fazia seu humor tipicamente americano - e que, na época, se fosse transmitido via televisão, poucos entenderiam.
Aliás, o humor não desapareceu com tentativas que muitas vezes não chegaram sequer a ser tentadas na tradução dos corretos Renato Machado e Elisabeth Hartman. Entre os que fizeram ao menos os presentes no Shrine Auditorium rir bastante, Walter Matthau, Dudley Moore (ao lado de Bo Derek, sua parceira em "Mulher Nota 10"), Billy Crystal, Sammy Davis Jr. e Gregory Hines, Robin Moore [Williams] (homenageando o sexagenário camundongo Mickey e ironizando o fato de, no ano passado, ter sido candidato por "Bom Dia, Vietnã", e perdido para Michael Douglas o Oscar de melhor ator) e os ingleses Michael Caine, Sean Connery e Roger Moore.
Se os velhos musicais foram recordados, também uma novíssima safra de candidatos a se destacar entre 1990/91 (com alguns filhos de artistas famosos) - apresentou "Young Hollywood", um dos bons momentos musicais da festa.
Em termos musicais, a competição este ano, das canções originais, foi tão fraca, que além de terem sido feitas apenas três indicações, a produção nem sequer incluiu suas apresentações. Carly Simon, autora de "Let the River Run", de "Uma Secretária de Futuro" - a premiada - acabou aparecendo só para receber o troféu.
Em trilhas sonoras o prêmio foi para Dave Grussin por "Rebelião em Milagro", o injustiçado filme de Robert Redford (com a maringaense Sônia Braga), que pouquíssimos viram em seu lançamento no cine Lido. Concorriam nesta categoria, outros bons trabalhos: George Fenton ("Ligações Perigosas"), Maurice Jarre ("Nas Montanhas dos Gorilas"), John Williams ("O Turista Acidental") e Hans Zimmer ("Rain Man").
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