"Carmem" uma excelente edição
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de outubro de 1974
Depois de consolidar seus lançamentos de música clássica através de várias coleções e álbuns isolados, a Phonogram vem, pouco a pouco, também colocando no mercado brasileiro óperas integrais, em lançamentos de nível idêntico aos das edições originais. Periodicamente, em luxuosos álbuns, a Phonogram tem oferecido ao sofisticado público consumidor de música [lírica] - que infelizmente tem raras chances de assistir às grandes montagens em nosso País (só em São Paulo e Guanabara, ocasionalmente, têm-se registrado algumas temporadas) - uma chance de conseguir tais produções a preços bem mais razoáveis do que as importadas.
Agora, menos de um ano após ter sido colocado no mercado europeu e norte-americano, a Phonogram lançou o álbum com a ópera "Carmem", de Georges Bizet (1838-1875), da encenação no Metropolitan Opera, sob a regência do mundialmente admirado maestro Leonard Berstein. Esta montagem de "Carmem" abriu a temporada do Metropolitan Opera a 19 de setembro de 1972, com a notável Marilyn Horne no papel-título, recebendo uma aclamação sem precedentes da crítica e do público. Sendo uma vedeta operística internacional e tendo triunfado no Scala, em Milão, na Ópera Real do Convent Garden, em Londres, na Ópera de São Francisco e na Lyric Opera de Chicago, Marilyn Horne uma das cantoras mais vibrantes que já existiram e fez ressurgir a "idade de ouro do canto". Ao seu lado estão outros notáveis intérpretes líricos: James McCracken (Don José), Tom Krause (Escamillo), Adriana Maliponte (Micaela), Colete Boky (Frasquita).
A excelente edição da Deutsche/Gramophon, com 3 LPs, é completada com um didático álbum de 28 páginas, onde além do libreto da Ópera, há completas informações sobre a Ópera e seus intérpretes.
Apesar de ter iniciado suas edições há poucos anos, a Companhia Industrial de Discos, da família Zuckermann, vem ser preocupando em diversificar sua produção, em todos os gêneros e gostos . E assim também começa a fazer lançamentos no campo erudito, como os LPs contendo gravações dos vencedores do 6º Concurso Internacional de Canto, realizado em 1973, no Rio de Janeiro ("CIC 73", Magi [Music] 3003) ou o LP do baixo Renato Rocha, acompanhado ao piano por Clélia Ognibene.
Num mercado em que raramente se encontra lançamentos de música lírica, não deixa de ser notável o desprendimento de uma pequena gravadora em investir na produção de dois LPs com registros de artistas deste gênero. Assim no CIC-73, temos oportunidade de ouvir os participantes da Polônia (Kira Andrea), Nova Zelândia (Patricia Paine), Romênia (Horiana Branisteanu), Hungria (Kolos Kovacs) e Bulgária (Cristina Gorantcheva), acompanhados por orquestra e pelo maestro Frederico Egger, ao piano - num registro dos mais oportunos e interessantes para os apreciadores da música erudita. Já Renato Rocha, 39 anos, mineiro de Juiz de Fora, boa formação lírica - aluno do Departamento Federal do Conservatório Brasileiro de Música, com a professora Alayde Margarida e de Nícia Silva, na Universidade do Brasil, Renato tem participado de muitos concursos nacionais, tendo obtido agora, na CID a chance de fazer a sua primeira gravação, acompanhada pela pianista [Clélia] Ognibene, de São Paulo. Neste LP (Magic Music, 3001), interpreta peças de Scarlatti (1660-1725), Beethoven (1770-1827), Schubert (1797-1828), Robert Schumann (1810-1856), Claude Debussy (1862-1918), Ottorino Respighi (1879-1936), Heitor Villa Lobos (1881-1959), Ernani Braga (1898-1948) e Hekel Tavares (1896-1971).
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