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Aramis

Carnaval-89 já em vídeo para levar

O fato dos vídeos contendo o melhor do Carnaval 89 estarem à venda desde ontem, ao menos no Rio de Janeiro, é tema para se (re)pensar como o boom da comunicação reflete-se na própria cultura popular. Afinal, o Carnaval se transformou numa indústria cultural/turística de tamanho vigor que possibilita que, menos de 24 horas após o seu final, já se transforme em imagens coloridas, perpetuadas em fitas e películas, aquilo que representou o esforço de milhões de pessoas. A Globo e a Manchete, que este ano, num fato inédito, somaram esforços para economizar na cobertura, agilizaram suas áreas de vídeo para que a redução em 90 minutos, com as melhores tomadas nos desfiles das escolas de samba do primeiro grupo, na Marquês de Sapucaí, fossem editadas na terça-feira, estivessem já ontem à tarde em pontos estratégicos de vendas - hotéis, aeroportos, boutiques especializadas etc., visando especialmente o público-alvo. Afinal, qual é o turista que não desejará levar na cômoda embalagem de um vídeo aquelas imagens que o fascinara nas noites de domingo e segunda-feira? A época de carregar filmadoras (de cinema ou vídeo), atrativos maiores para ladrões, incômodas em seu transporte, hoje desapareceu - se, por apenas US$ 50 (ou menos até, dependendo do câmbio) é possível comprar um produto realizado com bom cuidado técnico. Com a agilização que caracteriza o trabalho a simpática Maria Cristina, representante local da Globo Vídeo, é possível que a partir de hoje as locadoras locais - ao menos as que têm maior organização, como a Disc Tape e a Master, já tenham cópias para serem alugadas a quem não acompanhou, devido a viagens ou preguiça de permanecer acordado madrugada a dentro, a cobertura do Carnaval carioca. No ano passado, em que a cobertura de algumas redes (especialmente Bandeirantes e Manchete) foi tão audaciosa ao captar imagens eróticas (e quase sexo explícito, em alguns bailes mais pesados), provocou protestos e ameaças do Ministério da Justiça, houve edições posteriores em tapes do "Carnaval que a televisão não mostrou". É possível que o esquema seja repetido este ano, já que - influência ou não da disposição que o novo ministro tem mostrado em combater os excessos, a cobertura foi bem comportada. As câmaras das redes Manchete e Globo, na Marquês de Sapucaí, não se demoraram nas belezas femininas, generosamente despidas, fazendo apenas rápidos flashes. Na cobertura dos bailes, salvo algumas exceções, também houve discreção mesmo nas promoções em que havia maior liberalidade. Em termos locais, a (pequena) cobertura dos bailes populares - Bem Bolada (Atlético) e Enxutos (Operário) também tiveram uma auto-censura dos diretores de TV na emissão das imagens. Estas, aliás, só seriam gravadas domesticamente por quem se dispusesse a gastar fita virgem para fixar imagens pitorescas - mas absolutamente descartáveis após uma primeira visão. Maria Cristina, como representante da Globo Vídeo em Curitiba está fazendo algo raro - procurar manter um bom trabalho junto a imprensa (a maioria dos representantes locais de distribuidoras peca por falta derelações públicas), uma semana antes do Carnaval já distribuiu material promocional do vídeo "Carnaval 89", agora já no comércio. Este vídeo focaliza, aliás, além dos desfiles, também flashes dos aspectos dos bailes mais importantes do Rio de Janeiro, "com destaque para a participação da beleza e da graça da mulher brasileira". O roteiro foi orientado para destacar a beleza feminina do Carnaval do Rio, com as garotas do Fantástico como uma espécie de condutoras do maior espetáculo da terra. Na terça-feira, foram editadas as fitas com as imagens geradas pelas 12 câmaras instaladas na Marquês de Sapucaí, destacando-se na montagem a exibição dos passistas, ritmistas, mestres-salas e porta-bandeiras, proporcionando ao espectador uma visão do todo e das partes de cada uma das 18 escolas, ala por ala, acompanhando cada enredo do início ao fim. Naturalmente, tendo em vista os turistas como público alvo, o vídeo é legendado em protuguês ou inglês, acompanhando o canto das escolas. A direção geral e a seleção das imagen foi de Régis Cardoso, gaúcho, 50 anos, conhecido por seu trabalho na direção de novelas ("O Bem Amado", "O Espigão"), um carnavalesco entusiasmado, ex-presidente da Acadêmicos do Salgueiro. A narração é de Hilton gomes - nas versões em português e inglês e, considerando o sistema de vídeo de outros países, ela foi copiada nos sistemas PAL e NTSC.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
09/02/1989

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