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Aramis

Independência dá o exemplo de cobertura carnavalesca

A transformação que o Carnaval sofreu nos últimos dez anos com a cobertura pela televisão da maior festa popular em todo o país - concentrando-se especialmente nos desfiles das escolas-de-samba do grupo 1-A, no Rio de Janeiro (nas noites de domingo e segunda-feira) trouxe elementos para inúmeras interpretações por parte dos que se interessam em analisar a cultura popular - em diferentes ângulos. Na área da comunicação, com a concentração do interesse da televisão, no esplendor do colorido e coberturas cada vez mais sofisticadas, naturalmente trouxe o desinteresse das emissoras de rádios em transmitirem a festa que, até os anos 70, se constituía num dos pontos altos de qualquer prefixo que tivesse interesse em buscar Ibope. Portanto, a decisão da Rádio Independência em não só fazer uma ampla cobertura do Carnaval curitibano, mas também instituir uma independente premiação aos melhores de nossas Escolas-de-samba do grupo A (ver texto nesta mesma coluna) é evento que merece registro especial. *** Euclides Cardoso, 53 anos, 35 de radiofonia - com toda razão reconhecido como um dos mais eficientes executivos de rádio no Paraná entendeu que, para o futuro o caminho das AM's está em valorizar cada vez mais o jornalismo. Antenado com o que exibe é uma liderança não teve dificuldades em convencer os proprietários da Independência - emissora na qual se encontra há 10 anos e da qual é diretor-geral - de investir na cobertura Carnavalesca. Conseguido um apropriado (e generoso) patrocínio (Antarctica) e formada uma equipe especial, o bom "Kid" repetiu aquilo que faz há mais de 20 anos - e que tem compreensão de sua grande esposa, Alge: praticamente ficou longe de casa por cinco dias, coordenando uma cobertura que, localmente e também com boletins permutados com AM's de todo o país, permitiu que o rádio voltasse a cumprir o grande papel de veículo jornalístico. *** Única emissora de Curitiba a transmitir o Carnaval, a Independência procurou tirar o clima de baixo astral que leva os executivos da comunicação a desprezarem a festa curitibana sob alegação de que "não temos Carnaval". Carnaval existe - e só pode ter maior dimensão se houver estímulos como a Independência, corajosamente, soube fazer durante o período que antecedeu a festa e, especilamente, nos quatro últimos dias. Assim como fazia nos tempos em que dirigia a rádio Iguaçu, Euclides abriu os estúdios da Independência para que as escolas de samba do primeiro grupo gravassem seus sambas-de-enredo. Montou programas de 30 minutos cada um, entrevistando carnavalescos, compositores, puxadores de samba, destaques etc. - que foram ao ar na segunda-feira de Carnaval, fazendo em áudio aquilo que as redes nacionais de televisão, especialmente a Globo, produz há anos: dar ao ouvinte uma informação básica (e antecipada) do que veria (no caso do rádio, ouviria), valorizando o esforço de pessoas humildes que, pelo amor ao Carnaval, sacrificam horas de folga para colocar na avenida um espetáculo que reflete o melhor de seus esforços. *** Para coordenar a operação, Euclides teve a felicidade de convidar um dos melhores profissionais do rádio paranaense, infelizmente nem sempre valorizado como merece: Cláudio Ribeiro. Carnavalesco, compositor (só este ano é que não fez sambas-de-enredo), animador cultural, atualmente o braço direito na Coordenadoria de Ação Social da Secretaria da Cultura, Cláudio dirigiu, na noite de segunda-feira, a promoção "Estandarte Rádio Independência" que premiou com belos troféus criados pelo escultor Luís Gagliastri, a melhor escola, enredo, samba-enredo, bateria, estandarte e porta-bandeira e também o melhor bloco. A cobertura da Independência não ficou apenas no Carnaval de rua, estendendo-se também aos bailes populares - a "Bem Bolada" no Batelzinho, Operário e no Atlético. Para tanto, uma equipe de oito locutores, somando-se a uma dezena de técnicos que se revezavam nos estúdios, garantiram uma cobertura boa. Provando inclusive que há gente nova de valor, pois para quatro dos locutores que suaram a camisa na cobertura, a missão foi uma prova-de-fogo numa estréia de grande responsabilidade. A equipe liderada por Cláudio Ribeiro foi formada por Augusto Zeferino, Luciana Cota, Gladimir do Nascimento, Valter Viapiana, Antônio Carlos Ribas, Fernando Cruz, Gilberto Ribeiro e o conhecido Jota Pê (José Aparecido Célio). LEGENDA FOTO - Carlos Eduardo Mattar, o veterano compositor, puxando o samba-de-enredo da Mocidade Azul - que ganhou o Estandarte Rádio Independência.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/02/1989

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