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Aramis

Cartola, adeus!

E o bom Cartola se foi. Na madrugada de domingo, o querido e imenso Agenor de Oliveira, poeta maior, foi reforçar o time celestial que, como tão bem disse o amigo Alceu Schwaab, está ficando cada vez melhor que o time cá de baixo. Por telefone, o parceiro e padrinho de Cartola, Herminio Belo de Carvalho, nos comunicou, ontem ao amanhecer, a morte do autor de "As Rosas Não Falam". O que acrescentar frente a uma pessoa tão maravilhosa quanto Cartola, que tivemos a felicidade de conviver, mesmo que rapidamente, nas vezes em que aqui esteve? Na correspondência da semana, o último bilhete do amigo. Datado de 16 de novembro, o seu poema "Anjo Mau", impresso a 11 de outubro para comemorar o 72º aniversário, junto com uma dedicatória: "Amigo do peito. Que saudades meu velho amigo. Quando nos veremos? Já que não é possível em pessoa, valoroso crítico curitibano, mando-te uma obra para teu arquivo. Teu amigo Cartola". O poema Eu queria que Jesus Um dia à terra voltasse Mas temo que muita gente Na cruz de novo o pregasse. De que cratera saíste Em que lamaçal brotaste - Por que fizeste tão mal Nos lugares que passaste? Porque este olhar satânico Que força mal te conduz? Eu noto ficas em Pânico Quando deparas a cruz! Por que disfarças um sorriso Quando vês alguém no leito Em bom som dizes "coitado" Depois sussurras "bem feito". Porque não foges pra's trevas Igual a um cão acuado? [Embrenha-te no infinito E deixa-nos sossegados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
02/12/1980

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