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Aramis

Cartola, 70 anos

Hoje, 11 de outubro, Angenor de Oliveira vestirá um bem talhado terno branco e, de braços dados com sua companheira, Zica, de longo verde, entrará às 20 horas na Igreja Nossa Senhora da glória, do Largo do Machado, no Rio de Janeiro, com muita emoção. Os óculos escuros que usa há quase 20 anos, por recomendação médica, evitarão que as centenas de amigos ali reunidos vejam as lágrimas em seus olhos. Pois, por certo, a emoção será grande. Uma Missa de Ação de Graças, com a musical participação da soprano Maria Lucia Godoy, do tecladista Wagner Tiso e do Coral da Universidade Gama Filho, sob a regência do maestro Abelardo Magalhães, marcará o início do programa de homenagens pelo 70º aniversário de Cartola, o Divino Cartola, carioca do dia 11 de outubro de 1908, personalidade maior da criação musical brasileira. E o fato de ser o próprio governo, através da Funarte, a organizar os festejos - que incluem dia 17 uma conferência de Sérgio Cabral sobre sua vida e obra e, dia 19, uma grande festa na Quadra da Estação Primeira de Mangueira (da qual foi um dos fundadores, em 1930) - em sua homenagem, é bastante significativo. É o reconhecimento oficial à obra de um poeta popular, que mesmo tardiamente tem, enfim seu momento de glória. E, muito mais do que um simples aniversário, a data de hoje tem, dentro da música brasileira, o mesmo significado que foi, há 10 anos passados, 23 de abril de 1968 - os festejos de 70º aniversário de Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana Filho, 1898 - 1973). Pois, ambos, estão na mesma posição de importância em nossa cultura popular. O imenso espaço que o Divino Cartola merece nesta semana em reportagem nos jornais, revistas e programas de televisão de cobertura nacional procurarão trazer a milhões de brasileiros um pouco de sua obra e de sua importância para a nossa vida musical. Desnecessário, portanto, tentar dizer no curto espaço de uma coluna jornalística, porque esse aniversário será tão comemorado. Apenas, com a alegria que temos de sermos amigos de Cartola desde que, 5 anos passados, pela primeira vez o trouxemos ao Paraná, para integrar um júri carnavalesco e, depois, em todas as ocasiões que aqui esteve, fazendo shows, sempre estivemos ao seu lado, dizemos: "Parabéns, mestre Cartola".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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11/10/1978

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