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Aramis

Chuck Norris, o novo astro-violência

Depois de Arnold Schwarzenegger, é a vez de Chuck Norris. Como? É simples. Devorador insaciável de nomes-mitos, o cinema sempre busca novos atores que personifiquem a violência, a ação, a coragem na identificação com o público. Atualmente, o halterofilista autríaco Arnold Schwarzenegger só perde para Sylvester Stallone ("Rambo", "Rocky"), em bilheterias, mas em breve um novo astro-violência pode surgir: Chuck Norris (Carlos Rey), americano de Ryan, Oklahoma, filho de um anglo-irlandês com uma índia Cherokee, alistou-se na Aeronáutica e serviu na Coréia, onde se entusiasmou pelas lutas marciais. Campeão de judô e karatê, campeão mundial de peso médio (karatê, 1968/1974), tendo entre seus alunos o astro Steve McQueen (outro mito que unia a imagem de machão e atleta em seus filmes), não demorou para Norris chegar às telas. Mesmo sendo péssimo ator, Schwarzenegger e Stalone - conquistou rapidamente o público: seus primeiros filmes renderam mais de US$ 200 milhões e para 1986 estão previstas mais 4 produções por ele estrelados, conforme anuncia a revista "Variety". Agora, para substituir a "Comando para Matar" com Schwarzenegger (que deixa o Plaza e passa para o Bristol), chega Chuck Norris em "Código de Silêncio" (Code of Silence), uma espécie de "Operação França", subdesenvolvida. Chuck Norris - na linha do falecido Bruce Lee, com a violência de Schwarzenegger e toques de Charles Bronson/Steve McQueen - um pouco falando (já é um mau ator) mas brigando muito, conduz a narrativa deste filme de ação, dirigido por um nome desconhecido (Andy Davis) e que traz no elenco, em destaque, Henry Silva, há 34 anos o vilão cinematográfico por excelência (desde sua estréia em "Viva Zapatta"). "Codigo do Silêncio" é o novo filme-violência da praça - numa concorrência dura com "Comando Para Matar", de Mark Lester e "O Exterminador do Futuro", de James Cameron (que volta ao cine Vitória), ambos com Schwarzenegger. Sem falar em "Rocky IV", o bilionário sucesso do narcisista Sylvester Stallone; roteirista, produtor, diretor e intérprete desta nova saga pugilista, que em três semanas já passou dos Cz$ 1.000.000,00 - e que vai faturar muito mais cruzados, tal as filas que continuam a se formar defronte o Condor. OS BONS FILMES - Mas nem só de violência, felizmente, vive o cinema. Por exemplo, após o ótimo "A Lei de Quem Tem o Poder", de Bertrand Tavernier, o Ritz exibe outra esplêndida produção européia: "Um Amor na Alemanha", do polonês Andrzej Wadja, sensível drama ambientado na Alemanha durante o nazismo, focalizando o drama de uma mulher (a ótima Hanna Schygulla (que se apaixona por um polonês e sofre todo o preconceito de sua comunidade. Um filme lírico, elogiado internacionalmente e que se constitui em programa obrigatório. Finalmente em cartaz o estimulante "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas" - feliz título dado a "St. Elmo's Fire" (este, com um sentido simbólico), uma espécie de "O Reencontro" (The Big Chill, de Lawrence Kasdan) antecipado: os sonhos, frustrações, amores e separações de um grupo de jovens recém-formados. Joel Schumacker, diretor de "St. Elmo's Fire" fez um elogiado filme com Lilly Tomlin ("The Incredible Shrinking Woman", inédito no Brasil) e, entre os seus roteiros está de "The Wiz", o musical de Sidney Lumet, inspirado no "Mágico de Oz". Trabalhando com um elenco de jovens intérpretes - Emílio Esteves (visto até agora apenas em "The Outsiders", de Coppola), Rob Lowe (que já vimos em "Hotel New Hampshire" e "The Outsiders"), Andrew McCarthy, Demi Moore (que atua em "Blame It On Rio", de Stanley Donnen, rodado no Rio de Janeiro há dois anos e ainda inédito no Brasil), entre outros - Schumacher obteve um filme intimista, com toques que também lembra "Quando os Jovens se Tornam Adultos" (Dinner, de Barry Levinson) e que merece ser visto. Em exibição no cine Astor. Outro filme sobre jovens e que teve um lançamento meio inesperado, no cine Itália, foi "Triângulos de Paixões" (Heartbreackers), de Bobby Roth - cineasta também ainda desconhecido no Brasil mas que realizou elogiados filmes, como "Independence Day" e "The Boss'Son" (1977, premiado em vários festivais internacionais). Também estrelado por intérpretes jovens - como Peter Coyote (que teve sua maior chance em "ET", mas que já fez uma dezena de filmes nos últimos 5 anos); Nick Mancuso (em destaque ao lado de Catherine Deneuve no ótimo musical "Paroles et Musique", 1985, exibido no FestRio-85) e a jovem cantriz Carole Laure, dois lps gravados e que tem dividido sua carreira entre o Estados Unidos e a França. CLÁSSICOS - "Cidadão Kane" (Citizen Kane), 1941, de Orson Welles (1915-1985) está entusiasmando as novas gerações e, como sempre, encantando os mais velhos. Assim, o melhor filme da história do cinema continua em cartaz no Cinema I, numa carreira que merece, sem favor, continuidade de pelo menos mais dez dias. Também a retrospectiva Ingmar Bergman com bom público: hoje, ainda, no Groff, é possível assistir "O Rosto", de 1958, com Max Von Sidow e Bibi Andersen. Amanhã e terça-feira, um dos mais densos e sofridos filmes de Bergman: "Gritos e Sussurros", de 1973, com Liv Ulman e Ingrid Thulin. Nesta semana, teremos ainda o longo e sociológico "Cenas de um Casamento", de 1974, com Liv Ulmann - realizado originalmente para a televisão sueca (dias 12 e 13); "A Flauta Mágica", de 1975, fiel transposição à tela da ópera de Mozart - rodado diretamente num teatro de Estocolmo - e uma obra-prima em termos musicais (dias 14 e 15). OUTRAS OPÇÕES - Nos cinemas da CIC, a programação continua a mesma: "Rocky IV" de Stallone (Condor), "Caçados pelos Cães de Guerra" no Lido I e "De Volta Para o Futuro" no Lido II. No Luz, em compensação, a reprise, de um dos dez melhores filmes de 1985: "Erêndira", de Ruy Guerra, com Irene Papas e Claudia Ohana. Um filme belíssimo, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e que merece ser revisto. Nas sessões especiais, temos hoje, às 10h30min, no Groff, "Greystock, A Lenda do Tarzan", de Hugh Hudson e no Luz, "Os Muppets Conquistam Nova Iorque". Dois programas para as crianças. Na Cinemateca, hoje, 20h30min, o vídeo-tape sobre a apresentação da cantata "A Paixão Segundo Cristino", de Geraldo Vandré, em São Paulo, com coral e orquestra regidos por Benito Juarez e a participação de Paulo César e Marinho Gallera. A partir de terça-feira, a Cinemateca faz uma mostra do desenho animado no Brasil. LEGENDA FOTO 1 - Com "Código de Silêncio", o campeão de judô e karatê Chuck Norris quer ser também campeão de bilheteria. No Plaza. LEGENDA FOTO 2 - Um vídeo-clip em longa-metragem: "Rock Estrela", que continua em cartaz no Palace Itália. LEGENDA FOTO 3 - "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas", em cartaz no Astor. LEGENDA FOTO 4 - No Lido I, continua em exibição "Caçado pelos Cães de Guerra". LEGENDA FOTO 5 - "De Volta para o Futuro" continua fazendo sucesso, no Lido I.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
29
09/03/1986
Amigos Gostaria de saber onde posso conseguir uma cópia do video-tape "Paixão segundo Cristino" de Geraldo Vandré. Grato Izaak

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