Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1974
Alexandre Portnoy (Richard Benjamin) é um homem de 30 anos, assessor de problemas comunitários da Prefeitura de Nova Iorque, solteiro e vivendo sozinho. Como 90% dos americanos médios (e as estatísticas estão aí para provar) tem problemas sexuais: imagens eróticas, frustrações, complexos advindos da adolescência - do universo familiar, da formação judaica. Sem meias verdades, com uma linguagem crua, o romancista (também judeu) Philiph Roth fez de seu dilema tema para um best-seller, bem menos ameno e romântico do que o quase lírico "Goodbye Columbus" (Amor de Primavera, filmado há 5 anos por Larry Peerce). "Portnoy's Complaint" é agressivo, sujo, uma linguagem chocante e sugestões sexuais que ninguém imaginaria ver numa tela, 15 anos atrás - quando "Os Amantes" era considerado o máximo em "Imoralidade" cinematográfica. Tudo isto não faz do filme de Ernest Lehman - excelente roteirista ("Amor Sublime Amor", 61; "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf", 65) um filme comercial ou imoral. Ao contrário, é um momento sério da vida americana - do microuniverso de Alex Portnoy (Richard Benjamin, em excelente atuação) para o mundo de todos nós - com suas frustrações e seus anseios. Talvez um dos momentos mais polêmicos do cinema, mas também um filme sério e corajoso, realizado com ternura - e nisto Michel Legrand dá a sua colaboração, com mais uma trilha sonora inesquecível - e oferecendo a Karen Blank (foto) a maior chance de sua carreira, na interpretação de Mary Jane, a Macaca - uma loira burra, devassa mas terrivelmente humana.
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