Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de janeiro de 1974
Se existe um filme facilmente atacável - e de difícil defesa crítica - é "Complexo de Portnoy" (Cine Ópera). Embora não acredite muito na validade dos debates em torno de um filme - naquela fase cineclubista - penso que não haveria melhor prato do que este filme inspirado no polêmico romance de Philip Roth, que de qualquer ângulo pode justificar acirrados debates. Para o público convencional, do ponto de vista moral, pode ser classificado como um filme sujo, degradante. Para a colônia israelita - sempre aberta artisticamente - é uma obra crítica, dura talvez! Em termos de cinema, a linguagem cinematográfica do roteirista-diretor Ernest Lehman pode ser acusada de limitada e o projeto pode ser apontado de falho. Todos estes argumentos podem ser levantados, mas isto tudo não impede que "Portnoy's Complaint" seja um filme de grande densidade artística, comunicabilidade e tenha o gosto dos grandes filmes - a primeira vista, quase uma obra-prima em termos de sinceridade e retrato da solidão humana. O filme é propositadamente desagradável - os 20 primeiros minutos, no universo familiar de Alexandre Portnoy (Richard Benjamin - foto) - chegam a ser chocantes e não duvido que muitos espectadores deixem o cinema nesta parte. Mas como a vida não é sempre agradável - mas também oferece seus momentos de compreensão - "Complexo de Portnoy" vai crescendo a partir da terceira bobina e chega ao final como uma pequena obra de arte. Talvez a mais polêmica e discutível, mas, trazendo em si, elementos de seriedade - que transcendem as limitações comerciais romance-filme, primeiro dos múltiplos argumentos levantados contra. (continua).
Enviar novo comentário