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Aramis

Música

Em 1959, numa válida experiência fonográfica foi tentada em Salvador, saia pela JS Discos, na Série "Bahia de Todos os Sons" o lp "Apolo II" (JLP nº 9004), com uma cantora chamada Maria Creusa interpretando músicas de um jovem chamado Antônio Carlos Pinto, em algumas admitindo um parceiro - Idazio Tavares. Apesar da felicidade do título escolhido e da beleza da principal música - simultaneamente a chegada do homem a Lua, em julho-69 - pouca gente conhece este lp - vendido somente em Salvador e pelo reembolso postal, através de um anúncio publicado na revista "Quatro Rodas". Em 1970, Antônio Carlos Pinto e um amigo, José Carlos Figueiredo, vieram para a GB e depois de "quebrarem a cara" por alguns meses explodiram nacionalmente como uma dupla de sucesso. Maria Creusa, esposa de Antônio Carlos também veio e logo foi descoberta por Vinícius de Moraes que a convidou para fazer o show "Encontro" - viajando a Buenos Aires e gravando lá um lp na Trova (XT 80002), com a participação de Toquinho. Entretanto só em 72 saiu pela RGE o primeiro lp de Maria Creusa - um álbum marcante com músicas de Vinícius de Moraes. Anteriormente, ela havia feito alguns compactos, e participado de lps com músicas de telenovelas, mas sem o merecido (e justo) destaque. Agora, no final do ano passado, ela fez um novo lp - "Eu Disse Adeus" (RCA Victor, 103.0077), que lançado em dezembro, só na segunda semana de janeiro nos chegou as mãos - de forma que assim não deu para entrar na lista dos melhores do ano. Pois sem dúvida, Maria Creusa que há cinco anos já considerávamos a grande revelação, comprova com este disco o seu extraordinário bom gosto e ser hoje uma de nossas melhores intérpretes românticas. Assim como em seu lp anterior soube escolher o que havia de melhor na obra (maravilhosa) romântica de seu amigo Vinícius, agora, com auxílio de Rildo Hora - talvez o melhor "record-man" da equipe da RCA- Victor, produtor dos álbuns de Antônio Carlos e Jocafi, soube dosar ao lado das músicas novas, alguns dos grandes momentos do cancioneiro brasileiro. Realmente, "Eu Disse Adeus" entra naquela categoria de álbum que ninguém de bom gosto pode deixar de adquirir. De princípio, tem uma música que entraria tranquila na lista das melhores do ano, e como foi feita especialmente para este lp, já fica como a primeira indicação para 1974: "Feijãozinho com Torresmo" de Walter Queiroz, valorizada na sensível orquestração de Geraldo Vespar. O bom violonista Vespar fez ainda os arranjos para "Apelo" de Vinícius e Baden, "Obsessão" de Mirabau e Milton de Oliveira, "Não me Diga Adeus" de Paquito-Luís Soberano-João Correia da Silva, "Pois é" de Ataulfo Alves e "A Flor e o Espinho" de Nelson Cavaquinho-Guilherme Brito. O maestro Leonardo Bruno cuidou dos arranjos de "Canção da Volta" de Ismael Netto e Antônio Maria, "Nossos Momentos", "A Noite do Meu Bem" de Carlos-Jocafi e "Janelas Azuis" de Rildo Hora-Sérgio Cabral. Estas três últimas músicas - como "Feijãozinho com Torresmo" foram compostas especialmente para este lp, sendo que "Janelas Azuis" revela em Sérgio Cabral, um dos homens que melhor conhece a MPB - colunista do "Diário de Notícias" e colaborador d'"O Pasquim" (além de apresentador do show "Sarau" com Paulinho da Viola e conjunto Época de Ouro, que dias 7 e 8 de fevereiro estará em Curitiba, no Teatro do Paiol), um letrista de rara inspiração.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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24/01/1974

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