Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de março de 1974
O cinema adquire uma importância especial quando filtra uma realidade, que << passa >> ao espectador um sentimento, uma sensação, uma maneira especial de ver as coisas. Quando o cinema trata de pessoas - e não fatos e cisas - como o teatro e a literatura, consegue dar uma dimensão universal ao mais regional dos personagens, eliminar as barreiras geográficas de espaço e, como uma máquina do tempo, fazer o calendário e as datas perderem a sua importância cronológica. O cinema é , para nós, antes de tudo uma forma de comunicação humana e seus grandes e realmente significativos momentos, foram (são) aqueles em que os artistas sensíveis - cineastas, roteiristas e interpretes - tentaram, com toda a coragem, transmitirem suas inquietações, sonhos, tristezas e alegrias, em pequenos ou longo flashes de vidas que não importa nem quando, nem como aconteceram. O importante é que tenham sido vividas, em que a ficção tenha o gosto (muitas vezes amargo) da realidade, mas com toda a sinceridade que um homem possa mostrar. E neste aspecto, os dois filmes mais importantes lançados neste primeiro trimestre em Curitiba foram "Reencontro de Amor" (Pete`n Tillie, 1973, de Marftin Ritt) e "Sonho do Passado" (Cine Condor, até amanha em cartaz) Estes dois momentos do moderno cinema americano são hinos profundos e sensibilidade a todos os homens do mundo: personagens de uma extraordinária riqueza humana, vistos com toda ternura na ótica de cineastas que mais do que, simplesmente contarem (bem) uma história, sabem dar a cada imagem, a cada fotograma, a cada diálogo, um pedaço de vida, uma sensação da realidade que todos nós, com maior ou menor intensidade, passamos viver (sofrer). "Pete`n Tillie" e agora este "Save The Tiger" constituem, dentro do cinema contemporâneo, uma revisão do drama psicológico, sempre um gênero de conquista de público, por excelência. Mas hoje, com uma nova visão (cinematográfica) do mundo, seus autores, Ritt ou John G. Avildsen (foto)provam de que na autêntica sinceridade de sentimentos, na pura forma de ver(contar-ouvir), os fatos de pessoas - de GENTE como nós - nunca uma boa história se transforma em dramalhão, nunca uma visão realística, uma experiência humana, se dilui em simples imagens coloridas, como num folhetim de telenovelas. Ao contrário, o calor humano de cada cena de "Reencontro do Amor", e, principalmente agora este "Sonhos de Passado", só tem paralelo, numa comparação feita com base na sensibilidade e não em consulta a arquivos, a três outros momentos mágicos do cinema americano: Um Homem Tem Três Metros de Altura" (A Man Is Tem Feed Tall, 1957), e "O Indomado" (Hud, 62), do mesmo Ritt e "Uma Vida em Pecado" (Studa Loningan, 60, de Irving Lerner). Evidentemente, outros filmes, de acordo com a sensibilidade de cada um, podem se aproximar de "Pete`n Tillie" ou "Save The Tiger", mas para nós, da geração que aprendeu a amar o cinema nos anos 50, os filmes de Ritt-Irving Lerner-Avildsen, se completam, num ciclo harmonioso e aprofundamento honesto da visão de pessoas, seres humanas, dentro de um momento do "american way of life". (continua amanhã).
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