Confissões de Vieira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de agosto de 1984
Com a simplicidade que o caracteriza, o banqueiro José Eduardo Vieira, presidente do Bamerindus, dizia a um grupo de jornalistas,, quarta-feira à noite, durante um jantar informal:
- " Eu me formei em contabilidade e para mim a economia é a diferença entre o dever e o haver. O importante é não sair desses parâmetros".
Ante um grupo de jornalistas especializados na área de economia, entre os quais o colega Ilson Almeida, diretor de redação de O ESTADO DO PARANÁ, José Eduardo demostrou sua maneira simples, cordial e sincera de encarar a realidade - num raciocínio lógico e objetivo que desenvolveu em 28 anos de atividades junto a organização fundada por seu pai, Avelino Vieira, e cuja presidência teve que assumir num momento dramático, quando da morte dos irmãos.
Apesar do clima de informalidade e confraternização do jantar, que reuniu jornalistas da área de economia e correspondentes de veículos nacionais, o encontro acabou numa mini-entrevista coletiva, provocada, principalmente, pela natural curiosidade de alguns profissionais de órgãos nacionais, interessados em conseguir posicionamento político do presidente do Bamerindus. Habilmente, José Eduardo Vieira respondeu a todas as questões, não deixou pergunta alguma sem resposta e mostrou sempre colocações muito claras.
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Como aperitivo do jantar, Sérgio Reis e Eloy Zanetti, diretores da área de comunicação do Bamerindus, apresentaram um documentário de 25 minutos, "Oeste - A Nova Fronteira", que Andres Bukoski rodou nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. A exemplo dos documentários feitos sobre o Paraná e Rio Grande do Sul, trata-se de belíssimo trabalho, com imagens precisas, linguagem perfeita e emoldurada por uma ajustadíssima trilha sonora, especialmente criada por Renato Teixeira. Os três documentários produzidos pelo Bamerindus - cujas cópias (inclusive em vídeo-cassete) tem sido exibidas no Brasil e no Exterior - poderiam, tranquilamente, abocanhar premiações em festivais nacionais e internacionais. Atualmente, André Bucowski faz um quarto filme, desta vez focalizando Santa Catarina, dentro do projeto da Umuarama em documentar todas as regiões em que o Bamerindus atua. Ou seja, todo o Brasil, pois hoje o Bamerindus dispõe de 8l8 agências, 152 postos de serviços, 5 caixas avançados e 14 departamentos de câmbio. Dispõe, ainda, de 70 cartas patentes, que permitirão a instalação de igual número de novas agências, além da autorização para instalar mais 7 caixas avançados e 4 postos de serviços.
São 50 mil funcionários e 100 diretores, espalhados pelo Brasil todo, comentou o presidente José Eduardo Vieira.
Em sua visão [liberal], o presidente do Bamerindus defende a liberdade da área financeira para o surgimento de novos bancos, ao contrário da política de concentração em uma rede fechada, impulsionada há anos pelo ministro Delfim Neto. Hoje, para a abertura de um novo banco, o custo inicial, apenas pela carta-patente, é de Cr$ 10 bilhões, o que faz com que cada vez mais o mercado financeiro se fortaleça nas organizações existentes.
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