Na robusta edição do dia 12 de fevereiro último, domingo, na página 9 do caderno Arts & Leisure do The New York Times, um bem produzido anúncio (com a arte original feita na Umuarama, em Curitiba) ocupando 15x3 colunas anunciava os dois concertos do Som da Gente Records ("Is the sound of our people/Brazilian instrumental people") nas noites de 10 e 11 de março no Town Hall, um dos auditórios mais famosos da Big Apple. O anúncio desta presença musical brasileira - discretamente assinado pelo Banco Bamerindus do Brasil - destacava-se entre as inúmeras outras atrações que fazem de Nova Iorque a capital do entretenimento. Em edições posteriores, o mesmo anúncio foi repetido, contribuindo para fazer com que já no final de semana, em São Paulo, Tereza Souza, diretora do Som da Gente e grande idealizadora do evento, recebesse um feliz telefonema de Mr. Scott, o manager americano que coordena tecnicamente este evento: os ingressos estavam praticamente sold out, confirmando o interesse do público pelas duas apresentações que 23 dos melhores instrumentistas estarão fazendo hoje e amanhã. xxx Que a música brasileira está em alta, novamente, nos Estados Unidos, não é novidade. Na próxima quarta-feira, dia 15, no histórico Carnegie Hall, acontece outro evento musical importante - Antônio Carlos Jobim e seu grupo dividindo um recital com Gal Costa. No Blue Note - que tem a adjetivação de "World's finest jazz club", na 131, West Street, abrindo o "Third Annual Brazilian Jazz" Carnaval, entre os dias 14 e 19 de fevereiro, ali se apresentavam Airto e Flora Purim. Em vários outros locais, músicos brasileiros encontram seus espaços - desde os nomes já consagrados e conhecidos, como as pianistas Eliana Elias e Tânia Maria até gente ainda desconhecida. A decisão de Teresa Souza e Walter Santos, que após terem implantado o Nosso Estúdio como o melhor estúdio de gravação do país partiram, há 8 anos, para uma etiqueta voltada exclusivamente à música instrumental, em fazer um lançamento realmente profissional em Nova Iorque, centro de decisão dos grandes negócios musicais do mundo, só foi possível graças ao apoio que sempre tiveram no Bamerindus. Há mais de 15 anos que como produtores de jingles, spots, campanhas, trilhas e mesmo filmes para a Umuarama, a agência do Bamerindus, Walter e Tereza granjearam a admiração e confiança da diretoria do Banco. Sérgio Reis, 46 anos, diretor de marketing e comunicação, sempre teve no casal mais do que fornecedores, amigos talentosos, merecedores de todo apoiamento. Assim, coroando uma colaboração mútua, que tem sido marcada por muitas premiações, o Bamerindus deu condições para que Tereza Souza pudesse realizar um projeto há muito sonhado: levar os melhores instrumentistas entre os que há anos com ela trabalham para, num espetáculo do mais alto nível, mostrar ao vivo, frente a platéias exigentes e acostumadas com o que há de melhor nos espetáculos do mundo, um pouco do som brasileiro. Naturalmente, a viagem de mais de 40 pessoas a Nova York e toda uma produção no Town Hall, com um profissional esquema que incluiu detalhada campanha promocional, anúncios em jornais como o The New York Times, a produção de um disco laser, distribuído a jornalistas musicais americanos, implicou em investimento de mais de US$ 200 mil. Mas houve entusiástico apoio da diretoria do Banco, a começar pelo presidente, José Eduardo Vieira sempre favorável a que se exporte a nossa cultura. Mesmo impedido de estar em Nova Iorque hoje à noite - aqui chegaram ontem, sua esposa, sra. Tânia Andrade Vieira e três diretores, - Maurício Schulmann, Belmiro Valverde e Sérgio Reis - o sr. José Eduardo fez questão de dar sua mensagem, no programa do espetáculo que, logo mais à noite estará sendo distribuído ao público que lotará o Town Hall.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 3

Data: 10/03/1989