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Aramis

Tania Maria, do nosso Carnaval a Nova Iorque

É uma pena que a "Encyclopedia of Jazz - the 80' years", do maior especialista em jazz do mundo, Leonard Feather, ainda não tenha circulado - pois nela não faltará um belo verbete sobre mais uma brasileira que deu certo: Tania Maria (Correia Reis, São Luiz, 9/5/1948). Ainda não folheamos o "Groover's Dictionaire of Jazz" (2 volumes, preço ao redor de Ncz$ 500,00), mas se houver critério justo sobre as revelações dos últimos anos, o fato é que a maranhense Tania não pode faltar. E pensar que há 18 anos, num Carnaval de rua em Curitiba, Tania Maria passou 8 horas na avenida Marechal Deodoro, acompanhada de um baterista e um guitarrista, gastando sua voz em sucessos carnavalescos - preenchendo tempo enquanto nossas escolas não desfilavam. Foi a única vez que veio a Curitiba e na época poucos a reconheciam em seu talento múltiplo - pianista, cantora e compositora. Foi preciso que Guy de Castejá a levasse para a inauguração do "Viva Brasil", em Paris, para Tania ser reconhecida. E depois de gravações e sucessos na França, chegou aos EUA e seu êxito cresceu. Hoje está entre as artistas brasileiras mais respeitadas no mundo jazzístico, com uma dezena de álbuns gravados e cachês ultravalorizados. Finalmente, agora a EMI-Odeon está lembrando-se de aqui lançar seus álbuns (assim como os de outra pianista brasileira, de sucesso na América, Eliana Elias). "Forbidden Colours" (Capitol Records/Odeon) a traz com oito faixas, uma das quais ("Chuleta"), instrumental - com destaque ao percussionista Airto Moreira, que participa também de "Forbidden Colours" e "It's Only Love". Nas demais faixas, Tania buscou o percussionista Steve Thorton - que ao lado de Mark Egan (baixo, ex-integrante do grupo de Airto), Ted Lo (sintetizador), Dan Carillo (guitarra), entre outros, dão o balanço ao ritmo comunicativo, soft que Tânia sabe fazer - uma das razões de seu êxito. Por exemplo, "It's Only Love" tem um balanço delicioso, romântica letra facilmente entendível e com o equilíbrio de Airto na percussão - dividido com uma segunda percussão (Steve Thorton) e a bateria de Buddy Williams faz deste um hit em potencial, para se ouvir a qualquer momento, com o maior prazer... É de se esperar que os outros álbuns de Tania na França e EUA cheguem ao Brasil - deixando de serem privilégios dos colecionadores milionários como Caetano Rodrigues, tão apaixonado por Tania, que já foi duas vezes a Nova Iorque para aplaudí-la na fila do gargarejo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
26/02/1989

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