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Aramis

Curtas tão bons que podem virar longas

Ney Sroulevich, diretor comercial da Embrafilme é um dos executivos com maior visão da indústria cinematográfica, com relacionamentos internacionais que o fazem o grande responsável pelo fato do Brasil ter hoje um festival internacional de cinema (este ano, a sexta edição será em Fortaleza de 23 de novembro a 3 de dezembro), não só assistiu, com a maior atenção, todos os filmes em disputa no XVII Festival do Cinema Brasileiro de Gramado como, na sexta-feira nos confirmava uma decisão: vai propor aos realizadores de vários dos curtas ali mostrados, bem como a outros na mesma metragem, premiados em diferentes eventos, a junção de trabalhos nesta categoria para sua distribuição como longa-metragens, cumprindo inclusive o decreto de reserva do mercado. A qualidade dos curtas apresentados em Gramado foi tão grande que, sem desmérito aos realizadores dos longas, uma frase se repetiu: "os curtas estão melhores que os longas". De ano para ano, nos festivais do cinema brasileiro, vem destacando-se a qualidade dos curtas. Com trabalhos cada vez mais bem acabados, seja no gênero documentário ou na ficção, uma nova geração está provando, através de seus exercícios, entre 5 a 13 minutos, como se pode fazer cinema com inteligência. Hoje, não há mais desculpas dos exibidores fazerem cara feia para a lei que obriga as sessões de filmes estrangeiros terem, obrigatoriamente, um curta nacional como complemento. Se no passado havia trabalhos herméticos (e até irritantes e amadorísticos), hoje há uma produção de bom nível. O único problema está na distribuição destes curtas - e também em sua divulgação - que Ney Sroulevich, com sua competência e diplomacia, já começa a equacionar - em conjunto com o presidente da Fundação do Cinema Brasileiro, Ruy Solberg, a quem o estímulo e a co-produção dos curtas está feita. Se no Festival de Gramado, neste ano, o Paraná esteve totalmente ausente nas telas (no ano passado, na categoria 16mm, Rui Severo com seu "O Mundo Perdido de Kosak" obteve dois Kikitos), espera-se que a Fundação do Cinema Brasileiro - que atravessa a maior penúria financeira - encontre recursos para cumprir sua parte no convênio firmado com a Secretaria da Cultura do Paraná e dê condições para que sejam finalizados os quatro filmes realizados por cineastas locais, mas ainda em fase de laboratório. Se Fernanda Morini ("Loira Fantasma"), Fernando Severo ("Sombras no Fim da Tarde"), irmãos Wagner ("A Flor") e Palito ("Lápis, um Compositor Paranaense") concluírem seus curtas a tempo, poderão disputar os próximos festivais - RioCine (agosto), Jornada da Bahia (setembro) e Brasília (fins de setembro ou princípios de agosto). Poderão ainda se habilitar a disputar a vaga do curta-metragem que representará o Brasil no VI Festival Internacional de Cinema, Vídeo e Televisão. Portanto, justifica-se que somado a (mínima) ajuda que a Secretaria da Cultura deu a estes realizadores - e a ainda não concretizada participação oficial da Fundação do Cinema Brasileiro - os mesmos também busquem (e encontrem) ajuda na iniciativa privada. Fernanda Morini está tentando achar um mecenas e Fernando Severo, de maior sorte, teve o apoio de amigos milionários, que abriram os seus depósitos bancários para que o orçamento de "Sombras no Fim da Tarde" fosse ampliado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/06/1989

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