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Aramis

Discos do Ano

A cada disco aumenta a admiração pelo trabalho de Luís Gonzaga Jr. (Rio de Janeiro, 22/9/1945), que, construindo seu caminho e abrindo seu espaço à custa de muita personalidade, divide hoje com Ivan Lins, Belchior, Fagner e alguns poucos outros compositores-interpretes, uma posição de grande popularidade junto a platéia jovem. E Gonzaguinha, independente de seu cuidadoso trabalho de composição, com músicas disputadas pelas melhores intérpretes, não se cansa de, a exemplo de seu lendário pai, percorrer os caminhos do Brasil, levando sua música/mensagem aos mais distantes pontos. Com uma obra musical também enriquecida cada vez mais, Francis Hime (Francis Victor Walter Hime, RJ, 3/8/1939) é, ao contrário de Gonzaguinha, um compositor que raras vezes saiu do Rio de Janeiro. De uma familia abastada, tendo possibilidades de estudar com os melhores mestres no Brasil e Exterior, já se anunciou, várias vezes sua presença em outros Estados, mas, a última hora, acabou cancelando. Só em Curitiba, por 3 vezes a primeira das quais no Projeto Pixinguinha, temporadas de Hime (e agora junto com sua esposa Olivia) foram anunciadas, Recém-concluido uma temporada no Teatro da Galeria, com Toquinho e Maria Creusa, e lançando seu terceiro LP pela Sigla/Som Livre, é possível que Hime agora venha a Curitiba, em setembro próximo, com data reservada no Guaíra. Enquanto não vem, resta curtir o seu disco. Filho de uma dupla histórica da MPB - a cantora Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira, 1917-1972) e o compositor Herivelto Martins (Vassouras, RJ. 30/1/1912), Peri Ribeiro (Peri de Oliveira Martins, 27/10/1937), ocupa hoje um espaço ao qual deveria dar melhor atenção: o de intérprete romântico, bela voz como há poucos no país. "De Volta ao Começo" (Odeon, 31CO64, maio/80) é mais do que apenas um novo disco de Gonzaguinha. É a presença vigorosa de uma voz que não aceita concessões, que prova a validade de unir o romântico ao público. Aliás, de todos os aspectos que me faz admirar a obra de Luiz Gonzaga Jr. Destaco a sua incrível coerência política sem mostrar aridez ou indiferença ao coração. Gonzaguinha é um romântico que atua, política e corajosamente. As músicas deste seu novo elepê, desde já candidato a um dos melhores do ano, o trazem em excelente forma. Em Questão de Fé" Cita "Nada será como antes (Milton/Ronaldo Bastos): em "Pontos de Interrogação" aborda um tema erótico em "Marcha do Povo Doido", lembrando ao "Samba do Crioulo Doído", faz um documento da vida brasileira nesta década de 80, "Libertad Mariposa", utiliza a voz de Milton, do LP "Recado Gonzaguinha" (80). Enfim, em cada momento, em cada faixa, este compositor-interprete consegue ser original e criativo, inteligente e rebelde - e antes de tudo romântico. "Francis" (Sigla/Som Livre) é mais uma prova de que mesmo tímido em termos de palco, Hime é compositor de imensa harmonia. Aliás algumas das melhores músicas de Chico Buarque ("Atrás da Porta", "Trocando em Miúdos", "Caros Amigos") devem a ele muito do sucesso. Com o amigo Chico, Francis divide novas composições "E Se", "Passara", "O Rei de Ramos", mas também traz um trabalho com novo letrista, Cacaso ("Cabelo Pixaim", "Baião do Jeito", "Elas por Elas", "Meio Demais", "Marina Morena" e "Grão de Milho"), Com Paulo Cesar Pinheiro é "Navio Fantasma", com Tite de Lemos o "Flor do Mal". A esposa Olivia, que também inicia carreira de cantora (já com um compacto simples gravado na Sigla, mas que não teve nenhuma divulgação fora do eixo Rio/SP), Francis fez "Cinzas" e "Parintintin". Olivia foi também a produtora do elepê, que sempre, apresenta um excelente trabalho técnico, além de ter contado com a participação especial de Chico Buarque e, "O Rei de Ramos", peça que Francis/Buarque musicaram, para o texto de Dias Gomes. Ausente há algum tempo da fonografia, Pery voltou em dose dupla via Copacabana, com dois álbuns bastante semelhantes: "Os Grandes Sucessos da Bossa Nova" e "Pery Ribeiro Sings Bossa Nova Hits". Só a disposição da Copacabana em tentar o mercado internacional, justifica este segundo elepê, onde Pery, basicamente, inclui o mesmo repertório do nostálgico disco onde, com sua voz aveludada e bem trabalhada, inclui clássicos como "Estrada Branca", "Samba do Avião", "Garota de Ipanema", "Manhã de Carnaval", "Você", "Barquinho", "Vivo Sonhando", além de sua parceria com Geraldo Cunha "Bossa na Praia". Em portugues ou inglês entretanto, é bom ouvir Pery um cantor que, aos 43 anos, mais de 20 de vida profissional, não [...] pou ainda todo o espaço que merece dentro da MPB. LEGENDA FOTO 1 - Pery Ribeiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
15
17/08/1980

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