Estórias do tempo em que Espedido assustava Thomé
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de outubro de 1983
O ex-lider sindical e hoje escultor Espedito Oliveira da Rocha - que às 18 horas abre sua mostra na Casa Romário Martins - é um homem de muitas estórias. Com a experiência de seus 62 anos, este paranaense de sotaque nordestino (cresceu em Águas Belas, no Interior de Pernambuco) exerceu diversas profissões - torneiro mecânico, pedreiro, carpinteiro, vaqueiro, lavrador - até se tornar operários de uma indústria química em Curitiba e, fazendo uma meteórica carreira chegar a presidência do sindicato de sua categoria.
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Em seus tempos de líder sindical - final dos anos 50 e, especialmente, entre 1961/março de 1964, Espedito era o mais agitado dos presidentes sindicais. Homem de ideologia radical, bom orador, comandava ardentes assembléias e quando se punha a discutir era páreo duro para qualquer contestação. Não se restringia, entretanto, aos problemas trabalhista e atuava nas reuniões político - partidário. Um dos alvos favoritos de Espedito era o ferrenho udenista Gerônimo Thomé, proprietário de uma grande lavanderia na cidade. Havia ocasiões em que os dois, no calor dos debates, pareciam que se engalfinhariam. entretanto, no final das reuniões, a simpatia de Espedito era tamanha que o diretista Thomé acabava dando um sorriso, quando, então, o sindicalista lhe dizia:
- Agora, como passa da meia-noite e eu não tenho carro, pois sou pobre, quero que v. me leve em casa.
E Gerônimo Thomé, em seu reluzente automóvel, levava Espedito até a sua casa, em distante bairro proletário.
Veio a revolução de 31 de março. Espedito desapareceu de circulação, surgiram lendas sobre o que lhe teria ocorrido, a principal delas a de que havia sido morto pela repressão. Na verdade ele escapou e ficou escondido em diferentes lugares. O tempo passou e o udenista Haroldo Leon Peres acabou sendo escolhido para o governo do Paraná e, naturalmente, Thomé se tornou o seu principal assessor. O resto da estória todo mundo sabe: poucos meses depois, devido a comprometedoras questões ligadas a << negociações >> conduzidas por Thomé, Haroldo Leon Perez foi intimado a << renunciar >>, por recomendação direta do presidente Médici que o havia escolhido para o cargo. E com isto, Thomé voltou às suas atividades empresariais. Há dois anos, quando Espedito reapareceu em Curitiba encontrou-se com Thomé, que abraçou com entusiasmo, comentando:
- Veja como é a vida amigo Thomé: eu fui perseguido, fugi, fui preso, por ser comunista. Você subiu ao poder e acabou também ainda, só que acusado de corrupção...
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O vernissage de Espedito Rocha, hoje, ao entardecer, tem tudo para se transformar num acontecimento político. Afinal, ele não deixou de exercer sua liderança - tanto é que com apoio de seu amigo, o deputado Roberto Requião, foi incluído na chapa oficial que disputar o diretório do PMDB em 22 de novembro. E Espedito só não concorreu a debutado estadual em 15 de novembro, porque preferiu auxiliar alguns amigos do coração, entre os quais Requião.
DENTRO das atividades programadas para a Semana do Livro e da Biblioteca, um ponto de especial interesse para a garotada que se interessa por aviação. Graças ao apoio de monieur Auriol, adido cultural do governo francês e apaixonado por aeromodelismo, o Consulado da França em São Paulo possibilitou a montagem de uma exposição sobre aviação franco-brasileiro no hall de entrada da Biblioteca, aberto das 9 às 22 horas, até o dia 30. No subsolo, entre as 14 as 17 horas, também até o dia 10, haverá um atelier de aeromodelismo, orientado pelo próprio m. Auriol, enquanto que no auditório Paul Garfunkel, no período da tarde, serão projetados filmes.
A Semana do Livro e da Biblioteca, coordenada pela bibliotecária Marisa Karam Saltori, inclui ainda outras atividades, além de um curso sobre aspectos da economia paranaense, palestras, entrevistas com Mauro Fonseca de Macedo, 13 anos, autor de literatura infantil. Para os usuários em atraso na devolução do livro, uma promoção sempre simpática: a << Semana do Perdão >>.
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