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Pára-Raios não conseguiu rever seu amigo Requião

O excesso de zelo da assessoria do prefeito Roberto Requião o impediu que pudesse abraçar um dos seus grandes amigos dos turbulentos anos 60: o ator, diretor e hoje jornalista (do "Correio Brasiliense") Ary Pára-Raios. xxx Ary Pára-Raios, que nos anos 60 residiu em Curitiba, fazendo provocativas montagens teatrais, além de ter um incrementado night-clube na rua Emiliano Perneta foi um dos grandes amigos de Roberto Requião, que, em época de vacas magras, o acolheu inclusive na mansão de seus pais, na avenida Vicente Machado. Ali, Ary passou vários meses, retribuindo a hospedagem com seu talento de vitrinista na loja "A Nacional", uma das lojas da família Requião. xxx Hoje, com aspecto bem menos hippie-revolucionário do que naquela época, às vésperas dos 50 anos, sete filhos de quatro esposas diferentes, Ary passou alguns dias em Curitiba. De seus amigos daqueles anos de fogo, dois estiveram com ele todos os dias: o jornalista Fernando Alexandre e o artista plástico Rogério Moura Dias. Sabendo que Requião é agora o poderoso alcaide curitibano, Ary, com humildade, foi ao gabinete e pediu uma audiência: a resposta foi lacônica: - "Hoje ele não pode atender ninguém. Está em reunião importante!" Habituado ao jogo do poder que observa em Brasília - onde é editor de cultura (ao lado de Reinaldo Jardim) do "Correio Brasiliense" e ainda faz teatro, com o grupo Esquadrão da Vida, Ary voltou ao Palácio 29 de Março no dia seguinte. Identificou-se, simplesmente, como Ary Pára-Raios, esperou mas não foi recebido. xxx Sábado à noite, quando o jornalista Fernando Alexandre contou a Roberto Requião, a decepção que Ary teve de não poder revê-lo - agora que ele está no poder, o Prefeito peemedebista lamentou. E justificou ao fato de não lhe terem informado quem estava à sua procura. Talvez, porque a zelosa secretária, não entendendo bem o nome artístico de quem o procurava, o confundiu com um vendedor de pára-raios. E embora a Prefeitura - na atual administração - precise (e muito) deste equipamento, até agora as descargas políticas ainda não queimaram as instalações que ali foram deixadas nas administrações passadas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
14/02/1986

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