Os revólveres não atiram serpentinas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1986
- Faz parte da indumentária!
Com esta declaração, o coronel Furquim, comandante da Polícia Militar, justificou, na noite de sábado, a presença de tantos policiais portando revólveres de grosso calibre no policiamento da Marechal Deodoro. Para uma festa popular, na qual se supõe não devem acontecer incidentes maiores, a presença de policiais usando revólveres não deixa de ser constrangedora.
Simpático e afável, o coronel Furquim - que nas duas noites de desfile, permaneceu algumas horas na tribuna das autoridades, ao lado do prefeito Roberto Requião - justivficava o porte das armas, lembrando, entretanto, que "não há perigo, pois nossos homens são muito bem preparados".
xxx
Como, às vésperas do Carnaval, uma perseguição a três asaltantes ustou a vida de uma inocente senhora - e provocou ainda a queda do 8º andar de um edifício de outra jovem - não deixa de ser preocupante e antipático ver numa festa popular, um policiamento exibindo tantas armas. É o caso de se indagar, quais as conseqüências que teria um único disparo - seja lá provocado por que razão - num momento em que milhares d epessoas se encontram, felizes e despreocupadas, assistindo ao desfile das escolas de samba?
Em que pese a explicação do coronel Furquim - ou seja, de que as armas de fogo fazem parte da indumentária dos policiais militares (e um certo número é distribuído entre praças, sargentos, suboficiais e oficiais) é de se supor que a simples presença dos homens fardados, firmes e educados em seu trabalho já bastaria.
xxx
Aliás, as belas (e até sensuais) integrantes do batalhão feminino, não usam armas. Ao contrário, mostram toda sua feminilidade em seus univormes bem cortados, mas nem por isto deixam de ser respeitadas. E admiradas, à distância, pela beleza de seus portes elegantes.
Enviar novo comentário