O projeto nacional do "golden boy" Leminski
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1986
Paulo Leminski, 40 anos, o golden boy de nossa vida intelectual, passou o Carnaval trabalhando na nona tradução que faz para a Brasiliense: "A Morte de Malone", obra escrita por Samuel Beckett, 80 anos, em 1951. Trabalhando sobre os textos em inglês - "Malone Dies" - e francês - "Malone Meurt", Leminski aceitou esta tradução pelas dificuldades apresentadas nos textos de Beckett, Prêmio Nobel de Literatura e que, irlandês, foi secretário de James Joyce por alguns anos. Poliglota e buscando sempre o desafio das palavras, Leminski tem recusado propostas de traduzir obras convencionais e já avisou ao seu amigo e editor, Caio Graco, que só lhe interessam textos inquietantes, "daqueles que apresentam muitas dificuldades ao tradutor convencional".
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Bem sucedido como cronista, tradutor e escritor - seu romance "Agora é Que São Elas" sairá na Alemanha e, no final do ano, pela Brasiliense, publica novo livro de poesias ("Distraídos Venceremos"), Leminski planeja, entretanto, vôos maiores. A tentação de se integrar num trabalho mais direto de criação - na área de telenovelas, casos especiais e mesmo roteiros de humor - o faz aproximar-se cada vez mais do Rio de Janeiro, para onde ele e sua esposa, a poetisa e publicitária Alice Ruiz, pretendem se transferir dentro de algum tempo.
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