Leminski nos 80 anos de Beckett
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de abril de 1986
Paulo Leminski estará em São Paulo na próxima semana. Naturalmente, o golden boy de nossas letras não iria faltar nos eventos que marcarão os 80 anos do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, no próximo dia 13. Especialmente, porque foi Leminski, 41 anos, quem sugeriu ao seu amigo Caio Graco, da Brasiliense, a edição de "Malone Morre" (160 páginas, Cz$ 55,00), em cuja tradução trabalhou duramente nos meses de janeiro e fevereiro - inclusive no Carnaval, conforme aqui registramos, em primeira mão.
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A Brasiliense tem sabido aproveitar, com senso de marketing, eventos que possam catipultuar [catapultar] obras de autores considerados difíceis. É o caso de Samuel Beckett, autor irlandês, famoso por suas peças herméticas de teatro, uma das quais - "Esperando Godot", é cercada do folclore de que é maldita: toda atriz que a interpreta, tem morte trágica. Há dois exemplos no Brasil: Cacilda Becker (1921-1969) morreu quando estava encenando a peça no Teatro Maria Della Costa, em São Paulo. A baiana Soninha dos Humildes anunciou sua disposição de montar o mesmo texto e, semanas depois, descobriu que estava com câncer - que a mataria em plena juventude. Em compensação, há muitas atrizes que encenaram a peça, fizeram sucesso e continuam ótimas.
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O projeto "Beckett - 80 anos", em São Paulo, foi organizado pela Artecultura, cujo diretor, Yacoff Sarkovas, diz que o mesmo custará cem mil dólares, apesar do apoio da Secretaria da Cultura (que em São Paulo funciona e não serve apenas para fins políticos), Cultura Inglesa, Conselho Britânico, Consulado Francês e o MIS de São Paulo. A partir de segunda-feira, 7, haverá exposição de fotos, mostra de filmes, seminários e montagens de peças teatrais em São Paulo e Rio, além do lançamento de "Malone Morre".
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