Leminski: livro para elite
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de janeiro de 1977
Paulo Leminski, publicitário, poeta concretista, ex-seminarista e ex-hippie, é um homem de idéias e posições polemicas. Passou oito anos escrevendo "Catatau", que finalmente publicou há alguns meses. Agora, o livro dele começou a provocar reações: depois que Affonso Romano Sant'Anna, book-roview da Veja fez uma desagradável consideração em torno do vanguardismo de Leminski, mas em compensação Leo Gilson Ribeiro, do "Jornal da Tarde" o colocou nas nuvens, aparece um longo ensaio analisando a obra: "Cartesanato", que ocupa 4 páginas do último número (5, novembro/dezembro/76) da nova revista literária chamada "José", que está nas bancas.
Em outra revista literária, "Escrita", que seu número 12, Leminski publica um acido artigo onde afirma a morte da palavra escrita e, sem cerimônia, diz que escreveu seu livro para críticos literários, escritores, professores e quartanistas de "os únicos que lêem no Brasil". Considerada a literatura apenas para a elite, despreza os seus conceitos tradicionais e acaba fazendo, como sempre, apologia de seus amigos baianos. Sem dúvida, muitos "imortais" de nossas múltiplas academias literárias não concordarão com o que diz Leminski: para sua alegria, poderá ganhar uma nova polêmica.
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Para ganhar a vida, Leminski é disciplinado como redator da Foco Propaganda. Cr$ 12 mil por 5 horas de criação diária. Criação de textos publicitários, bem entendido!
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