Leminski, poesia & Catatau
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de maio de 1976
Se depender da comissão julgadora, os vencedores do I Concurso Nacional de Poesia, que a Prefeitura de Florianópolis está promovendo, com distribuição de Cr$ 50 mil em prêmios, serão os vanguardistas. Pois os organizadores do concurso, destinado a ter a mesma repercussão do concurso de contos do Governo do Paraná, o poeta-marchand-de-tablaux Lindolfo Bell eo poeta-jornalista Raimundo Caruso, convidaram, entre outros, para integrarem a comissão julgadora os concretistas Decio Pignatari e Paulo Leminski.
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Leminski aceitou, entusiasticamente o convite, pois será mais uma oportunidade de promover o seu "Catatau" que, 4 meses após o lançamento. No seminário "Opinião" (7 de maio n. 183) que está nas bancas, Geraldo Eduardo Carneiro (que, salvo engano, é o letrista predileto de Egberto Gismonte e, agora, também Astor Piazzolla) publica lúcida análise, na opinião de Leminski, "demonstrando ter lido com atenção a obra, coisa que poucos fizeram".
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Leminski explica o significado do título de seu livro: "A palavra catatau tem múltiplos significados e por isso me fascinou. Quer dizer coisa grande e coisa pequena ao mesmo tempo. Quer dizer bicho feio na Bahia, e caipira em Minas. Em Portugal, significa briga e às de espadas. Sua origem é desconhecida. Pode ser tupi, africana. Parece ser ainda uma onomatopéia para coisa que cai".
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Geraldo Eduardo Carneiro, em sua análise ("Descartes tropical") diz: "Catatau não é um romance, no sentido usual da palavra.
A grosso modo, o romance supõe o comércio entre a subjetividade (a realidade interior e seus significados) e a realidade exterior. É possível mesmo que a sua função como gênero histórico seja mostrar a inadequação entre estes dois mundos".
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A propósito de literatura: A fundepar vai ceder ao jornalista Cícero Sandroni, editor da revista "Ficção", os contos premiados este ano, em seu concurso nacional. Pelo menos assim, os trabalhos não se perderão, já que, embora realizado há oito anos, só em 1968, quando o então governador Paulo Pimentel e o secretário Candido Manoel Martins de Oliveira, da Educação e Cultura, lançaram a promocação, os trabalhos selecionados, foram publicados no volume "Os 18 melhores contos do Brasil" (Bloch Edições). De 1969 a 1975 não houve nenhuma publicação oficial dos contos premiados - que se apareceram em letra de forma, foi graças ao esforço de seus atores.
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