Memória do Concurso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de agosto de 1987
No momento em que o governador do Paraná prepara-se para relançar o Concurso Nacional de Contos, é necessário refrescar a memória dos atuais donos do poder cultural do Estado para que não se cometam omissões. Foi graças a visão que o então governador Paulo Pimentel tinha para projetos culturais que este concurso pôde se tornar a grande promoção do Estado nos anos 60.
Cândido Manoel Martins de Oliveira, hoje conselheiro do Tribunal de Contas, na época (início do governo Pimentel, 1966) era superintendente da FUNDEPAR e gostou da idéia que o seu assessor de imprensa, o jornalista Antônio Pietrobelli (então redator da "Tribuna do Paraná", hoje radicado no Rio de Janeiro, dono de uma próspera livraria) levou: promover um concurso de contos. Paulo aceitou a idéia, mas achou que a premiação deveria ser a maior já dada no País: assim, o primeiro lugar teria um milhão de cruzeiros (antigos, bem entendido) - uma respeitável soma para a época. A repercussão foi enorme e a organização incluiu seminário de literatura com a participação de nomes da maior expressão cultural do País.
No lançamento do concurso, na antiga sede da FUNDEPAR - rua Marechal Deodoro - aconteceu, aliás, um fato politicamente histórico: o reencontro de Paulo Pimentel e Bento Munhoz da Rocha Neto, que haviam disputado o governo meses antes. Paulo, dentro de sua visão liberal, fez questão que o professor Bento, como intelectual do primeiro time, participasse da comissão julgadora e o abraçou na ocasião. Entre os nomes nacionais que estavam ali presentes, Sérgio Porto (Stanislau Ponte Preta), que viria a falecer alguns meses depois, vítima de enfarte.
O Concurso Nacional de Contos teve várias edições. Revelou escritores que são hoje nomes consagrados, promoveu o Paraná nacionalmente e só foi interrompido quando teve início o descalabro administrativo na administração Haroldo Leon Peres - preocupado com ódio e perseguições. Desativada a promoção, outros concursos literários se consolidaram - o Walmar, a Bienal Nestlé de Literatura, entre outros. Agora, quando Álvaro Dias busca o entendimento e a promoção cultural do Estado, nada mais justo do que retomar o Concurso Nacional de Contos.
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