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Aramis

As estréias sem maiores atrações

A principal estréia é "Rambo III", de Peter MacDonald - novamente com Sylvester Stallone (São João, 5 sessões). Ação, explosões, o super-Rambo cada vez mais mitificado como herói indestrutível, numa produção requintada, mas que é destinada ao público alvo, específico - que deve lotar as salas de exibição nas quais estiver em projeção - mas que é totalmente dispensável para quem exige um pouco mais de qualidade. Qualidade tem um filme como "Sob Suspeita", de Peter Yates, com uma trama excelente, bons intérpretes (Cher à frente), mas que, ficou apenas uma semana no Bristol, quando poderia crescer de público. Em compensação, ali é lançado agora uma comédia tipicamente americana, que se justificaria em época de férias: "Uma noite de Aventuras"("A Night On The Town"), de Chris Columbus - com elenco de nex faces - Elisabeth Shue, Maia Brewton, Keith Coogan, etc. Outro lançamento na faixa jovem, mas só que de melhor nível é "Nada em Comum" ("Nothing In Commor"), de Garry Marshall, que aborda o mundo dos yuppies da publicidade, com um jovem ambicioso, David Basner (Tom Hanks), às voltas com os problemas da separação de seus pais, Max (o veterano Jackie Gleason) e Lorraine Basner (Eva Marie Saint), que atrapalham sua dedicação integral ao principal cliente que deve atender em sua agência. Com toques de comédia satírica, num enfoque do american way of life, "Nothing In Common" pode surpreender - como aconteceu, na semana passada, com o ótimo "Quicksilver", exibido no mesmo Cinema I, em sessões noturnas (estes dois filmes deveriam ser lançados no circuito da Fucucu, mas os "informadíssimos" programadores oficiais os classificaram de "lixo", sem sequer assistí-los! Santa ignorância!). Fleischer do Terros - Filho de um pioneiro dos desenhos animados, o austríaco Max Fleischer (1892-1973), Richard Eleischer, hoje com 72 anos, 42 anos de cinema - pelo qual abandonou um curso de cinema - chegou a ganhar um Oscar como documentarista ("Design for Death") e ao longo de uma filmografia irregular (e intensa, especialmente nos anos 50/60), tem bons momentos em vários gêneros ("Estranha Compulsão", 59, "Barrabás", 62, "O Homem que Odiava as Mulheres", 68, "No mundo de 2020", 72, entre outros títulos mais marcantes). Ainda em atividade, mas, obviamente, sem as mesmas oportunidades quando trabalhava para grandes estúdios (como a 20th Century Fox, da qual foi contratado por anos), Fleischer tenta salvar filmes de terror como "Amityville - A Casa do Medo" (cujo título original, "Amityville 3-D", sugere que nos EUA, teria sido lançada em terceira dimensão), em exibição no Plaza. Fleischer sabe usar bem os efeitos especiais (mostrou isto em "20 Mil Léguas Submarinas", "Tora! Tora!", "Viagem Fantástica", etc.) e nesta produção de Dino de Laurentis, buscou dar a mínima dignidade ao terror explícito, cada vez mais desmoralizado em tantas picaretagens do gênero. No elenco, gente nova, como Candy Clark (já fez 7 filmes, mas permanece ainda pouco conhecida), Tess Harper e Lori Loughlin. O filme é a terceira parte de uma série de sucesso - e neste, um repórter (Fony Roberts), descobre um poço abandonado no porão de uma casa que é a entrada para o inferno. Quem dispor de tempo, que vá assistir! Reprises & Continuações Enquanto cumpre a lei de reserva do mercado, exibindo produções já exauridas - como o neo-realista (anos 80) "Com Licença eu Vou à Luta", de Lui Farias que, há dois anos, em Gramado, valeu os Kikitos de melhor roteiro ao diretor Lui Farias; a atriz Marieta Severo e a edição de som (Mauro Estrada/ Heron Alencar), o Condor prepara-se para, a partir da próxima semana, lançar as chamadas "cabeça-de-ponte" das produções estrangeiras de maior rentabilidade para este segundo semestre. Quem não tem vídeo ou não assistiu a transposição a tela do livro de Eliane Maciel, pode curtir "Com Lincença..." na tela ampla do Condor. No Lido, um excelente relançamento: "Um Grito de Liberdade" (Cry Freedom), de Richard Attenborough ("Gandhi"), baseado em dois livros do jornalista Donald Woods, e que se constitui na melhor denúncia já feita sobre o brutal regime racista da África do Sul. Um filme que se assiste com emoção, indicado em vários Oscars e que, imerecidamente, não encontrou o sucesso que merecia. Os livros de Woods já foram traduzidos para o português e a bela trilha sonora de George Fentou editada em lp da WEA. No elenco, Kevin Kline, Penelope Wilton e Denzel Washigton na frente de um grande elenco. Um filme de (re)visão obrigatória - que deve ser apreciado na tela ampla - e que ajuda a entender melhor o appartheid e faz o espectador deixar a sala odiando o racismo dos donos do poder na África do Sul. Não perca! Outro filme que também merece ser visto é "Monalisa", de Neil Jordan - com Bob Hoskins, Canthy Tysan e Michael Caine - que continua em exibição no Ritz. espera-se que como a renda esteja em ascensão, não haja a imbecilidade de cortar sua carreira, como tantas vezes ali tem ocorrido. Nas outras duas salas da Fucucu, reprises, naturalmente! "Noites do Sertão", de Carlos Alberto Prates Correia, uma bonita adaptação da novela "Buriti"de Guimarães Rosa, com Déborah Bloch, Tony Ramos e Cristina Aché, premiado em Gramado-85, no cine Luz. No Groff, uma produção antiga, às vésperas de ter seu laudo de censura vencido: "P.S. - Post Scriptum", de Romain Lesage (cineasta de carreira irregular, que fez nos anos 60 uma adaptação de "Pluft, O Fantasminha") com Yara Lins, Enio Gonçalves e Zaira Bueno. No Groff, amanhã à meia noite e domingo às 10h30, reprise um clássico de Eiseinstein: "Que Viva México!" (disponível também em vídeo). LEGENDA FOTO - "Amityville": terror dirigido por um veterano cineasta - Richard Fleischer. Em exibição no Plaza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
8
05/08/1988

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