Exemplos que vêm do Sul
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de junho de 1985
No Rio Grande do Sul, onde os festivais nativistas já chegaram a alcançar mais de 50 realizações anuais, o grande mérito das promoções está na continuidade e, especialmente, em que são organizados por instituições que independem do oficialismo. Assim, a própria iniciativa privada garante que o Musicanto, de Santa Rosa (de 20 a 24 de novembro próximo, a terceira edição) possa oferecer os maiores prêmios já conferidos num festival competitivo de MPB (um automóvel Ford Scort, zero quilômetro, ao primeiro classificado, e mais Cr$ 30 milhões aos demais destaques).
Implantado em 1983, o Musicanto ([Festival] Sul-Americano de Nativismo), alcançou dimensão internacional. No ano passado, Mercedes Sosa fez belo espetáculo, num estádio de futebol daquela cidade e, este ano, o compositor Luis Carlos Borges, secretário de Turismo e presidente da Comissão Executiva, programou, como evento paralelo, um Festival Latino-Americano de Folclore. Distante quase 600 km de Porto Alegre, na região das Missões, Santa Rosa tem, hoje, no Musicanto, uma realização que a projetou em todo o Cone Sul, conforme aqui registramos, em série de reportagens, no ano passado.
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O mais tradicional dos festivais nativistas, o Califórnia da Canção, atinge, agora, a 15ª edição e o novo presidente da Comissão Permanente que a organiza, anualmente, em Uruguaiana, acaba de tomar importante iniciativa: através das indicações de jornalistas e estudiosos da música nativista, serão selecionadas as 12 músicas mais bonitas apresentadas nos 14 festivais realizados até agora, para a edição de um elepê especial. Isso só se torna possível porque, graças à atuante participação de Airton dos Anjos, produtor fonográfico que já produziu cerca de 200 elepês com artistas gaúchos, todas as edições do Califórnia foram gravadas em elepês, lançadas pela K-Tel, Copacabana, Continental e Polygram. O êxito do Califórnia, hoje um acontecimento de tamanha importância que triplica a população de Uruguaiana durante a realização do certame, sempre na primeira quinzena de dezembro, levou a promoção (inicialmente realizada pelo Centro de Tradições Gaúchas Sinuelo do Pago) a ganhar estrutura própria que, em breve será uma fundação para poder gerir com maior flexibilidade os altos recursos que o evento exige.
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Edson Otto, professor, cantor, compositor e diretor-superintendente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, organismo ligado à Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul, já está trabalhando para a realização de outro importante evento: o "Chamamento Cultural", paralelo à 5ª Seara da Canção Gaúcha, de 7 a 10 de novembro próximo, na cidade de Taquara. Este ano, com a participação de pesquisadores, jornalistas e compositores de vários Estados, será debatida a questão "O Regionalismo na Música". Nomes como José Ramos Tinhorão, Paulo Tapajós, Hermínio Belo de Carvalho e Zuza Homem de Melo, entre outros, ali estarão presentes.
Em Santa Maria, a Tertúlia Nativista é outro festival consagrado, enquanto que, em Cruz Alta, cidade natal de Érico Veríssimo, que tem como prefeito o médico José Westhphalen Correa, paranaense da Lapa, realiza-se a Coxilha Nativista, cuja 5ª edição terá lugar em julho. Esses são alguns dos festivais que, no Rio Grande do Sul, graças à seriedade e independência com que são promovidos, já conseguiram credibilidade e prestígio nacional.
O [Fercapo], ampliando sua área cultural e procurando gravar um disco com as finalistas, poderá tornar-se um evento de significado também nacional. Vamos torcer para isso.
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