Exorcismo musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de junho de 1974
Uma semana depois da Iguaçu ter sido a primeira emissora do Sul a apresentar, no programa "Som é uma questão de balanço", a trilha sonora do filme "O Exorcista", a Copacabana coloca nas lojas o lp com esta sound track original, produzido fonograficamente na Inglaterra pela Virgin Records. Com uma música estranha - como convém a badalada versão que William Friedkin, fez do best-seller de William Peter Blatty - "O Exorcista" revela um novo talento de compositor-musicista: Mike Oldfield. Até agora um ilustre desconhecido, ela executa nas duas únicas faixas que ocupam os 2 lados do lp, nada menos que 14 diferentes instrumentos, desde piano até Honky Tonk e Flageolet - tão desconhecidos entre nós, quanto os seus nomes. E aproveitando a oportunidade, já surge a primeira picaretagem neste diabólico filão de sucesso: o produtor Paulo Rocco, ex-Phonogram, agora na Copacabana, inventou um grupo instrumental feminino (sic) chamado "As Exorcistas", que gravaram um lp onde iniciam, obviamente, com o "Tema Exorcista", mas que não tem anda em comum com a original criação de Oldfield. Para quem prefere conhecer o mesmo tema numa interpretação mais suave, a orquestra de Alain Debray a apresenta na faixa de abertura do lp "The Greatest Movie Hits" (RCA, junho/74). Com o sucesso do livro de Blatty e a repercussão que o filme vem tendo - mesmo considerando o fato do mesmo não vir a ser exibido no Brasil - o fato é que está nascendo um novo gênero musical para faturar bastante: a música exorcista. E não vai demorar para Juca Chaves, astuto como sempre, também ganhar o seu, com uma sátira a respeito.
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