Login do usuário

Aramis

Eza pilota o fogão com o gás da poesia

Livros às mãos cheias! Nunca este surrado slogan teve tanta razão de ser empregado. Pois, simultaneamente, uma série de edições de obras de temas diversos, alguns produzidos no Paraná, outros aqui motivados pela presença de seus autores, movimentam esta temporada de fechamento de balanço cultural. Há desde um encantador livro sobre receitas que a graça de sua autora (Maria Thereza Lacerda) transforma em leitura das mais agradáveis ("Cartas da Minha Cozinha", lançamento dia 11, Livraria Ypê Amarelo) até a poesia de um novo autor londrinense (Luís de Melo Santos, "Negro"), passando por obras de pesquisas históricas ("Gymnasio Paranaense", do professor Ernani da Costa Straube, lançamento dia 10 no hall da Secretaria da Cultura) e obras luxuosas - como "O Livro do Mate", que a Salamandra - Consultoria Editorial produziu para as Indústrias Mate Leão, e "Pantanal", de quatro fotógrafos - Carlos Ravazzani, Hilário Widerkehr Filho, José Paulo Fagnani e Siton da Costa, unindo-se numa edição que segue os passos de outras obras na mesma linha: muitas cores, poucos textos, é um bom presente de Natal. xxx Maria Thereza Lacerda, lapeana de quatro costados, é dona de um texto saboroso. Mostrou isto em vários estudos ligados a nossa história e num delicioso livro de receitas - "Café com Mistura", tão gostoso que ganhou edição da Codecri, nos tempos em que a editora do "Pasquim" era atuante. Mesmo sem intenção de se tornar uma autora de forno & fogão, Eza, como é carinhosamente conhecida - volta ao território doméstico em "Cartas da Minha Cozinha" (Editora Litero Técnica, 92 páginas), na qual mostra que se pode falar do trivial com graça e balanço. Na primeira parte, em estilo epistolar, com cartas dirigidas a uma de suas 35 sobrinhas - Raquel, Maria Thereza fala de suas experiências culinárias, recordando uma época cultural em que saber preparar bons pratos era condição "sine qua non" de qualquer moça que pretendesse arrumar marido. O texto de Maria Thereza é tão delicioso que um tema que poderia se tornar chato fica com um sabor tão agradável quanto dos pratos que ela serve em seus sofisticados jantares - cujos convites são disputadíssimos. Mulher culta, de formação francesa, faz citações e mostra um estilo que lhe deveria valer até convite para assinar uma coluna especializada em culinária se algum veículo da cidade se dispusesse a encarar, profissionalmente, um espaço especializado. Na segunda parte do livro, estão as receitas propriamente ditas. O escritor Herbert Daniel, que quando trabalhava para a Rocco, tentou, em vão, publicar o livro, se confessa um fã da obra e, se vier - como prometeu, para o lançamento, deve repetir aquilo que já disse: "Uma verdadeira pesquisa etnológica sobre a condição da mulher na cozinha, numa fase de nossa história - e que consegue ir além do retrato da época para fixar o que transcende historicamente essa época. Cartas poéticas, empolgantes, lindas e comoventes, precedem a apresentação de receitas simples e precisas que por sua vez dizem mais que a simples receita: transmitem um bem misterioso e gigantesco que até agora não teve um meio de verbalização. Maria Thereza compreende, com arguta clareza, a tarefa de registrar em forma literária um saber não legitimado das mulheres. Um ato de libertação".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
07/12/1990
por favor, qualquer pessoa sabe onde eu posso comprar uma copia (novo ou usado) de maria thereza lacerda's livro "ype amarelo?" muito obrigado, tudo ajuda aprecei!

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br