Ficção na espionagem e a tragédia de Olga
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de fevereiro de 1986
O editor Alfredo Machado, da Record, tem o faro para lançar autores up to date, capazes de entusiasmar aqueles leitores (são milhares) que apreciam estórias movimentadas, digestivas e falando de assuntos da atualidade - espionagem, intrigas internacionais, sexo, ação. Por exemplo, Ken Follet, 37 anos, que ficou rico com "O Buraco na Agulha" (levado ao cinema), "A Chave de Rebeca", "O Homem de São Petersburgo", "Triângulo" e "O Vôo da Águia", veio passar o Carnaval no Rio, e Machado conseguiu lançar a tempo seu novo best-seller, "Na Toca do Leão" (tradução de Pinheiros de Lemos, 352 páginas, Cr$ 79.900). Dessa vez a aventura se passa no Afeganistão e a trama envolve uma jovem inglesa, um médico francês e um viajante americano - cada um deles com motivos para ir ao tumultuado país e se envolver na guerra de guerrilhas contra os invasores russos.
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Quem ler "O Grito de Halidon" (Record, tradução de Ruy Jungmann, 352 páginas, Cr$ 74.900) notará na narrativa aqueles toques que marcavam os melhores livros de Graham Greene, mas sentirá também um certo "quê" de um autor bem mais jovem. Robert Lundlum ("O Cículo Maltese", "A Identidade Bourne"). Pois não se enganou: Ryder é pseudônimo de Lundlum e neste novo romance a estória também envolve espionagem e ambientes exóticos - no caso - uma aventura no interior da Jamaica. Uma leitura fácil e digestiva!
Enquanto o cineasta Silvio Tendler prepara a produção do filme sobre a vida de Olga Benário Prestes, espossa de Luís Carlos Prestes, o romance-reportagem que o deputado-jornalista Fernando Morais, 40 anos, mineiro de Mariana, fez a respeito dessa personagem fantástica, já chega à sexta edição (Editora Alfa Omega, 314 páginas, Cr$ 80.000). O interesse pelo livro só tem crescido, inclusive da parte de leitores que convencionalmente preferem a simples ficção mas que se emocionam pelo tema que Fernando Morais (autor de "A Ilha", 250 mil exemplares) desenvolveu seriamente, ao longo da pesquisas no Brasil e Alemanha: a vida de Olga Benário, judia, comunista e mulher do líder Luís Carlos Prestes, que o governo Vargas entregou, grávida, à Gestapo. Depoimentos inéditos de personagens da época, documentos secretos sobre a Intentona Comunista de 1935 (recolhidos em arquivos alemães, brasileiros e norte-americanos), espionagem, paixão e violência compõem essa emocionante história de amor e política. Se os romances de Follet, Ryder (Lundlum) e outros ficcionistas que se voltam à espionagem e intrigas internacionais podem conquistar milhares de leitores, é obrigação dos brasileiros lerem "Olga", que se constituiu num dos mais importantes livros publicados no Brasil no ano passado.
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Na diversificação editorial que caracteriza sua entrada no mercado, a Guanabara publica "Corpo e Cristal: Marx Romântico" de Roberto Romano, 40 anos (186 páginas, Cr$ 37.000), que numa linguagem clara e elegante coloca em debate várias questões fundamentais do pensamento e da cultura filosófica de nosso tempo. Embora não seja uma exposição sistemática, mas sim uma coletânea de artigos, o livro aborda problemas políticos, pedagógicos, jurídicos e teológicos.
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Sinônimo da preocupação do homem contemporâneo em manter a saúde e forma física, o dr. Kenneth H. Cooper, inventor dos aeróbicos e do famoso método Cooper de preparação física, 12 milhões de exemplares de livros vendidos em 14 línguas, publica um novo título - "O Programa Aeróbico para o bem-estar social" (Nórdica, 320 páginas, Cr$ 99.000), dedicado ao brasileiro Cláudio Coutinho, "que será lembrado não só como um dos maiores treinadores de futebol de todos os tempos, mas também como a pessoa que, mais que qualquer outra, foi a responsável pela apresentação dos aeróbicos ao mundo." Este novo livro do dr. Cooper é uma verdadeira "bíblia" aos que gostam de exercícios aeróbicos, definitivamente completo, indispensável para o planejamento e controle das atividades físicas, tanto dos praticantes da corrida rústica como dos outros esportes, futebolistas, nadadores etc. - enfim, dos que simplesmente andam e até mesmo dos que apenas andam no mesmo lugar. Um dos capítulos mais interssantes é aquele em que Cooper fala dos exercícios para enfartados, para os que se recuperam de intervenções como pontes de safena etc.
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