Foguetório de aniversário
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de julho de 1977
Conseguir editar uma revista regularmente por um ano, sem ter a seu favor as tetas financeiras do Governo e, mantendo um excelente padrão de impressão, é fato mesmo para ser comemorado com fogos de artifício. E foi isso que os editores da revista "Vup", de Castro, fizeram: compraram das Indústrias de Fogos Rei, de Nova Trento, SC, alguns milhares de fogos de artifício que iluminaram a noite de Castro - e cuja documentação fotográfica está na capa do número 12 (20 de junho/20 de julho) da revista editada por Izidoro Constantino Guedes, 27 anos, e Fernando Vasconcellos, 40 anos, 5 filhas, 10 livros publicados. A revista "Vup" é uma das que tem melhor qualidade gráfica e, melhorando a qualidade das matérias, poderá preencher um espaço ainda vazio em nossa imprensa regional.
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Falando em publicações, na mesma semana, por editoras diferentes, aparecem mais dois livros sobre a mitológica personalidade de Howard Hughes (24 de dezembro de 1905-5 de abril de 1976), piloto, inventor, produtor de cinema, playboy, aventureiro e que ao morrer deixou uma das maiores fortunas do mundo. Afastado totalmente de qualquer contato público há 20 anos, o ex- dono da RKO Rádio e ex-produtor de filmes clássicos como "Anjos da Cara Suja" (1930), "Scarface" (1931) e "O Proscrito" (1945), homem que amou as mais belas atrizes dos anos 30/40 - entre as quais Jane Russel e Jean Peters (com quem casou), Hughes estimulou, pela suas atividades e comportamento, a imaginação de milhares de jornalistas e escritores. Harold Hobbins inspirou-se nele para escrever "Os Insaciáveis" (The Carpetbaggers, filmado por Edward Dmytryk em 1963) e, poucos anos antes de sua morte, um vigarista, Cliford Irving, chegou a forjar um livro biográfico, que chegou a vender a uma das maiores editoras [americanas], antes do personagem denunciar a fraude e Irving ser condenado. No mesmo ano (1972), um dos homens que melhor conhecia Hughes - Noah Dietrich - escreveu "Howard, The Amazing Mr. Hughes ("Fawcete Publications, 72), traduzido pelo jornalista Juarez Barroso (1937-1976) e lançado pela Bloch ("O Fantástico Mr. Hughes", 308 páginas). Agora, duas obras póstumas - e bem mais aprofundadas, apareceram na mesma semana: "Howard Hughes/A Face Oculta" de James Phelan (Difel, 188 páginas, tradução de Luiz Corção) e "Arquivo Secreto de Howard Hughes", de Elaine Davenpor, e Paul Eddy (Summus Editorial, 254 páginas, tradução de George Schelsinger). Phelan, jornalista que se dedicou durante muitos anos a estudar tudo que se relacionasse a Hughes, escreveu seu livro com ajuda de dois antigos homens de confiança do bilionário, Gordon Margulis e Mell Stewart. Já Elaine Davenport e Paul Eddy, também veteranos repórteres (do Jornal "Sunday Times" de Londres), com auxílio de um advogado da Califórnia, Mark Hurwitz, disponde de ampla documentação até há pouco secreta, revelam a ação de Hughes, em seus últimos anos de vida, envolvendo figuras da administração americana - Nixon, Robert Kennedy e Agnew, as relações com a CIA e os tentáculos de seu império em Las Vegas e
nas empresas de aviação. Como documentação sobre a vida de um dos mais fascinantes homens do século XX, são dois livros da maior atualidade.
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