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Fullgraf, dos tóxicos ao rock de Nina Hagen

O cineasta Frederico Fullgraf e o montador Mauro Alice já estão trabalhando na finalização de "DDA – Dose Diária Aceitável", ex – "O Veneno Nosso de Cada Dia", documentário sobre os agrotóxicos que antes mesmo de ficar pronto já desperta muito interesse pela atualidade do tema. Iniciado em princípios de 1984, com filmagens feitas desde o Interior do Pará até o Norte do Paraná – sempre mostrando exemplos comprovados de destruição provocada pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, tanto sobre a natureza como, especialmente , no homem – "DDA – Dose Diária Aceitável" trará imagens contundentes. Já tendo realizado dois outros belos documentários em que a ecologia é uma constante – "Quarup – Adeus Sete Quedas" e "Expropriado" – Fullgraf trabalha com apoio de organizações internacionais ligadas à televisão e cinema, que possibilitam uma projeção mundial de seu trabalho. Na realização de "DDA" teve apoio da Secretaria da Agricultura do Paraná. xxx A trilha sonora de "DDA – Dose Diária Aceitável" será de um jovem compositor, Paulo "Bahiano" Fortes, do conjunto "Cão Sem Dono" e que tem feito trabalhos inovadores com Arrigo Barnabé". Diz Fullgraf a respeito da trilha de seu documentário: "A trilha vai ser uma epopéia de sintetizador eletrônico que fará jus ao enredo e ao título modernos do filme". Embora radicado no Rio de Janeiro e trabalhando sempre com apoio de entidades européias, Fullgraf não deixa de ser paranaense entusiasta – afinal nascido na Alemanha, passou sua infância e adolescência em Curitiba. Por isto afirma: "80% dos participantes do filme são paranaenses: do diretor ao criador do cartaz, passando pela produção e montagem, que estará, pela Segunda vez com Mauro Alice". xxx Enquanto trabalhava neste documentário, Frederico não deixou de realizar outros importantes projetos cinematográficos. Por exemplo, a documentação que fez do I Festival Internacional de Cinema, Televisão e Vídeo, em novembro do ano passado, contratado pela European Television Service, foi levado a dezenas de países. Mas como a empresa não lhe pagou ainda os serviços profissionais, Frederico acabou cancelando outro documentário que havia planejado: a trajetória da alemã Nina Hagen no Rio e São Paulo, quando do Rock In Rio. Aliás, Frederico é um dos poucos jornalistas que conhece Nina Hagen desde sua adolescência: quando residia em Berlim, esteve várias vezes na casa do compositor e intelectual Wolf Bierman que, em 1974/74, fazia música de protesto na República Democrática da Alemanha. Para uma série de reportagens sobre o "Socialismo Real", encomendados pelo então contestador semanário "Movimento", Frederico fez várias entrevistas com Wolf Bierman, que na época vivia com Eva Hagen – mão de Nina. Frederico, lembra, "Eva, era, aliás, uma das companheiras de Wolf, pois o bardo comunista não resistia a rabo de saia algum! Pois bem, a Nina circulava na casa de Bierman, a menos de mil metros do Muro, do lado de "lá" e devia Ter seus 17, 18 anos à altura, fazendo cursos de canto e arte dramática em Berlim Oriental e já militava no rock pesado, que visualmente desafia(va) os guardiães da ordem e dos bons costumes socialistas, digo, do socialismo prussiano". Agora, após assistir Nina em suas demolidoras apresentações no Rock In Rio, Frederico ficou entusiasmadíssimo com a performance da inovadora cantora. Diz: "Depois de Marlene Dietrich, surge o primeiro Sex-symbol alemão pós guerra – encarnação brilhante de uma feliz simbiose entre competência artística, exoterismo típico da geração pós-68 e atributos botticelineanos. Em duas palavras: Nina Hagen!" Em seu entusiasmo, Frederico vai mais além: _ "Feiticeira hamleteana, profetiza da paz, entre Hanna Shygulla e Roberta Close sou mais Nina...". xxx Para 1985, Frederico está com um projeto muito especial: o longa metragem "A Saga da Emigração Alemã" (título provisório). Uma coprodução teuto-brasileira "pois o dinheiro que necessito deixaria limpas as caixas registradoras da Secretaria da Cultura. Pretendo apenas um terço de verba disponível para cinema neste ano na Secretaria da Cultura. Sei que há colegas com projetos ousados...". Outra idéia de Frederico – (que nos próximos dias deve voltar a Curitiba) destinada a provocar polêmica: abrir uma discussão sobre o que é realmente "o melhor investimento em cinema paranaense".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
31/01/1985

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