Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de junho de 1988
É tão grande a disputa do mercado pop que os grupos nacionais estão sempre buscando a originalidade. Assim o IRA! - que ganhou um entusiástico elogio de Zuza Homem de Mello ("Existem uma raras ilhas nesse pobre deserto musical desenvolvido pelos ingênuos grupos de rock brasileiros. O IRA! é uma ilha") em seu novo elepê inventa uma palavra para a faixa-título ("Psicoacústica") e o programador visual Paulo Milani desenvolveu uma criação na linha da parte tridimensional que justifica um brinde extra: um óculos bicolor, como aqueles que, em 1953, vinham nas revistas de histórias em quadrinhos e nos filmes em terceira dimensão.
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Musicalmente, os rapazes do IRA! parecem mostrar que andaram conversando muito com o cineasta catarinense Rogério Sganzerla, que há 20 anos realizava um filme demolido chamado "O Bandido da Luz Vermelha". Isto explica que a primeira das canções, "Rubro Zorro", seja uma espécie de homenagem a Caryl Chessman, acusado de ser o "bandido da luz vermelha" americano (o que motivou, livremente, o filme de Rogério, foi um paulista que acabou sendo preso em Curitiba) executado na Câmara de gás em 1960, após 12 anos de adiamentos sustentados pela fama de seus livros escritos na prisão. Já "Pegue Essa Arma" - com ambientes e climas cinematográficos - é claramente dedicada a Sganzerla e sua obra mais atual, "O terceiro mundo vai explodir".
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Emerson, Lake & Palmer foi um dos mais criativos grupos pop dos anos 70, com toques sinfônicos que o levaram até a fazer mergulhos em temas clássicos como uma adaptação livre de "Quadros de uma exposição" de Mussorsky. Carl Palmer e Keith Emerson voltaram a trabalhar juntos, hoje bem mais maduros e seguros - e uma prova do que são capazes de fazer está nas faixas de "To the power of there" (WEA), com a destacada participação, inclusive como compositor, do terceiro (e novo) integrante do grupo, Robert Berry. Para ser ouvido com atenção!
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