Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de maio de 1987
Enquanto Iggy Pop com o "Blah Blah Blah", outro roqueiro que também andou fazendo múltiplas experiências pessoais nestes últimos anos também apela para o título onomatopaico em seu novo disco: "Uah - Bap - lu - Bap - Lah - Béin - Bum!". É Raul Seixas, que, 15 anos após ter dado seu grito de rock nos bastidores do VII FIC, anunciando seu "roquezinho antigo/ que não tem perigo/ de assustar ninguém", está com novo lp na praça (Copacabana), seu 13º lp-solo.
Aos 40 anos, há dois sem gravar (seu último disco havia saído pelo Estúdio Eldorado), Seixas continua, como bom baiano, a falar muito para justificar sua música, lançando até um manifesto "sem a meta-física dos discos anteriores, nem preocupação política de outras épocas, nem o magicismo da fase crowleyana". E diz qual é o seu toque:
- "É um disco do rock'roll - não "roqui", mas sim rock'n'roll - que eu dedico pra essa moçada que tá aí de guitarra na mão, meio perdida, mas buscando uma linguagem, buscando suas raízes. Eu acho que pode ensinar alguma coisa".
Neste disco, edição da Copacabana, Raul inclui músicas novas - como "Quando Acabar o Maluco Sou Eu", o country-western "Cowboy Fora da Lei", uma versão em inglês de "Gita" (I'Am), a valsa "Loba", o "Canceriano Sem Lar" e até um clássico tango, "Cambalache" (Henrique Santos Discépolo), numa versão no mínimo bem-humorada.
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Falecido há 7 anos, Paulo Sérgio é exumado pela Copacabana: num interessante trabalho de reconstituição técnica, o produtor Talmo Scaranari utilizou gravações originais deixadas por Paulo, ao lado de 12 convidados especiais como Antonio Marcos, Perla, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Jair Rodrigues, Angelo Máximo, Ricardo Braga, Chitãozinho e Xororó, Martinha, Marcos Roberto, João Mineiro & Marciano e até o seu filho, Paulo Cesar Jr. (Rodrigo). Em texto na contracapa do disco, o dono da Copacabana, Adiel Macedo de Carvalho (que foi quem lançou Paulo Sérgio, pela antiga Beverly) fala deste projeto, destacando o fato emocionante que foi a inclusão de "Quero Ver Você Feliz", com a participação do filho de Paulo Sérgio. Composta por Carlos Roberto, por ocasião do nascimento de Rodrigo, a canção sofreu algumas alterações em seu contexto original, permitindo um "diálogo" entre pai e filho.
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O rap é um novo modismo musical que vem sendo explorado com insistência por muitas gravadoras. E a Polygram anuncia que Kurtis Blow é o "rei do rap", tendo estabelecido "o seu reinado no estilo em que foi um dos precursores e que espalhou pelo mundo todo". E para tanto lança agora no Brasil "Kingdom Blow", sétimo elepê de Kurtis Blow. Afinal o que é o rap?
Rapping, também conhecido como hip hop ou break, é uma forma musical com origem no Harlem. Sai o canto e entram simples falas ou discursos, daí o nome rap. Como acompanhamento basta um sintetizador, um computador rítmico e às vezes uma guitarra. As letras refletem a vida nos guetos americanos, falam de política, de amor, do cotidiano negro. Kurtis, no início de carreira, era um especialista de lançar farpas do governo Reagan, ao racismo, ao desemprego, a União Soviética. Com o sucesso parece que ficou mais calmo. Neste "Kingdom Blow" [há] até uma participação especial (e inusitada) de Bob Dylan na faixa "Street Rock", em que fala de comunicação e da fome da Etiópia. Talvez por isto que o também ex-contestador Dylan decidiu dar uma força ao novaiorquino Blow.
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A passagem do The Cure por Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio e São Paulo (Curitiba ficou de fora) fez com que se desse o maior espaço a este conjunto inglês, que já levou um disco [?] pelas vendas da coletânea "Standing On A Beach - The Singles" e que foi catapultado por entrar na trilha das novelas das oito. E, naturalmente, teria que sair um novo disco do grupo - no caso "The Top", que na época de seu lançamento no exterior (1984), dividiu a crítica. Veio na seqüência da fase "alegre" do grupo, após seus sucessos mais populares. Diz o especialista Tom Leão "The Top" está muito longe dos climas amenos: musicalmente não é tão pesado quanto os trabalhos da trilogia "deprê" "Seventh Seconds - Faith - Pornography ", mas na parte das letras beira o mórbido, o desesperado".
LEGENDA FOTO - Raul Seixas: onomatopaico retorno
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