A guerra de Salmen contra os tóxicos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de abril de 1987
Fauze Mohamed Salmen, 37 anos, ao assumir a delegacia de Antitóxicos, há duas semanas, reuniu sua equipe - pouco mais de 30 investigadores, e foi objetivo: de agora em diante, mais do nunca, a batalha será sem tréguas contra os traficantes e de repressão aos viciados. Para tanto, os agentes estão orientados para se espalharem por todos os ambientes onde costuma haver presença de viciados e traficantes, inclusive alguns barzinhos da moda, que a guisa de eventos culturais, estão dando cobertura a gente bastante conhecida dos agentes da Antitóxicos.
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Vindo da Delegacia de Homicídios - na qual deixou fama de homem que não gosta de deixar processos sem solução - Salmen não esconde que "viciado merece atendimento e o traficante a pena máxima". Nos casos dos que comercializam com as drogas, Fauze Salmen vai mais além:
- "Sou a favor da pena de morte!"
Irrita-se ao ver o relaxamento na prisão de traficantes conhecidos e preocupa-se com os índices alarmantes de viciados não só em Curitiba mas também no Interior.
- "A cocaína custa de Cz$ 600 a Cz$ 1.000,00 a grama e um viciado usa a média de 10 gramas por semana. Apesar do custo altíssimo, os números crescem".
Em relação ao combate à cocaína, o delegado Salmen acredita que já existem "umas três destilarias de cocaína em Curitiba". A questão está em localizar estes pontos e somente fazer a prisão quando houver condições de juntar provas irrefutáveis. Argumenta:
- "O poder dos traficantes é grande. E se o flagrante não for perfeito, de nada adianta o esforço policial".
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Delegado experimentado, com passagens por Bandeirantes e Paranaguá, antes de chegar a Curitiba, Fauze também discorda da proteção pública aos traficantes - prevista inclusive pela Lei 6.368 de 21 de outubro de 1966, que, oficialmente, veda divulgação dos indiciados no tráfico de drogas. Acreditando que este tipo de marginal merece ser escrachado publicamente, Fauze Salmen é objetivo e aberto à imprensa:
- "No que depender de mim, maconheiro, drogado, traficante, enfim, todo marginal, será apresentado à imprensa e devidamente flagrado como exemplo negativo da sociedade".
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Domingo à noite, a TV Iguaçu/TVS apresentou um programa de entrevistas que abordou, em profundidade, a questão dos tóxicos. O entrevistado foi o delegado Paulo Sérgio Fleury, titular da especializada em São Paulo e filho do odiado Sérgio Fleury, o repressor mor dos anos da ditadura militar.
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