Há 62 anos, Gance já fazia Cinerama
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de abril de 1989
A remontagem de "Napoleon" de Abel Gance, patrocinada por Francis Ford Coppola - num dos períodos de prosperidade de sua Zoetrope Productions (que acabou falindo, devido a projetos megalomaníacos), foi uma homenagem que o diretor de "Apocalipse Now" desejou fazer ao gênio de Gance, como ele, também um visionário cineasta que, no início do século, buscava projetos audaciosos - como a idéia de antecipar em quase 30 anos o cinerama - num processo de filmagens (e projeção) tríplice, com extraordinários efeitos. Produção complicada, iniciada em 1926, "Napoleon" só teria sua primeira exibição pública, pelo sistema chamado Polyvision, justamente há 62 anos passados - 27 de abril de 1921, no l'Opera de Paris.
Na ocasião, num programa especial, Gance falava de seu fascínio pelo personagem Napoleon Bonaparte (1769-1821), no qual concluía dizendo que "Napoleon é um paradoxismo do tempo e o cinema, para mim, é o paradoxismo da vida".
Tento realizado sempre obras épicas, Gance voltaria a Napoleon em seu último filme ("Bonaparte et la Révolution", 1971) e, em 1981, quando Coppola promoveu o relançamento internacional de "Napoleon", Gance tinha um projeto para voltar à direção - a vida de Cristóvão Colombo, que não chegaria a realizar (faleceria em Paris, a 10 de novembro de 1981);
A reconstituição de "Napoleon" se tornou possível graças ao trabalho do pesquisador, historiador e cineasta inglês Kevin Brownlow, que reunindo fragmentos de várias cópias permitiu que fosse feita uma versão fiel à original.
Francis Ford Coppola, confessaria que para um filme desta grandiosidade só poderia imaginar uma trilha sonora sinfônica e coube, naturalmente ao seu pai, Carmine, desenvolver este trabalho - que nas exibições feitas no Radio City Music Hall, foi feito com uma sinfônica ao vivo. Depois com a Filarmônica de Milão, fez a gravação nos estúdios Regson, em Milão, entre os dias 5 a 11 de junho/81.
Enviar novo comentário