Login do usuário

Aramis

Hamlet de Zefirelli e leitora particular são as boas estréias

São cinco as estréias do circuito, com ao menos duas atrações especiais: "Hamlet", na versão de Franco Zefirelli (Itália) e "Uma Leitora Bem Particular", de Michel Deville (Luz). Para quem gosta do gênero, "A Profecia IV: O Despertar", desta vez com a direção dividida entre Jorge Montesi e Dominique Othenin Girard e um elenco de nomes desconhecidos. "Uma Loira em Minha Vida" (Too Hot to Handle), de Jerry Rees, vale pela presença da sempre escultural Kim Bassinger, que tem vindo constantemente ao Brasil - e cujas temporadas numa mansão em Brasília alimentam fofocas presidenciais nas últimas semanas. Mesmo com um admirável ator no elenco (Peter O'Toole) e o simpático John Goodman, "Rei por Acaso" (King Raph), de David S. Ward, é apenas uma comédia passatempo (Cine Condor), mas que deve fazer boa bilheteria. "Hamlet" - Numa temporada em que montagens shakespereanas sucedem-se em várias capitais, uma produção como "Hamlet", de Franco Zefirelli, poderia ter uma estréia melhor aproveitada e não simplesmente estrear no Itália sem maior promoção. Afinal, desde seu lançamento em Nova Iorque, há algumas meses, esta nova leitura visual da mais complexa das tragédias shakespereanas tem merecido atentas críticas e despertado interesse no público. Mel Gibson, ator australiano identificado a filmes de violência que o tornaram conhecido, aceitou o desafio para interpretar um personagem que é identificado a Sir Laurence Olivier, desde que, em 1947, dirigiu e interpretou a versão da peça sobre o atormentado príncipe da Dinamarca. A julgar pelas críticas, Gibson conseguiu sair-se bem deste desafio, atuando ao lado de Glenn Close como "Gertrude" (também um desafio, imaginar-se a "femme fatale" de "Atração Fatal" num papel shakespereano), Alan Bates (Claudius), Ian Holm (Polonius) e o admirável Paul Scofield como o Fantasma. A belíssima Helena Bohham-Carter é a suave Ophelia - personagem que em 1947 era vivida por Jean Simmons em seu início de carreira. A fotografia é de David Watkin e a trilha sonora de Enio Morricone. Um programa indispensável. "Uma Leitora bem Particular" tem um cartaz tão provocativo em termos sexuais que muita gente desavisada pode pensar que tenha havido um engano de programação e este filme devesse ser exibido no circuito do orgasmo (Scala, Morgenau, Rui Barbosa). Apesar do texto extraído da "Filosofia de Alcova", do Marques de Sade, "La Lectrice" é um dos mais elogiados filmes do pacote da Distribuidora Belas Artes. Se a coordenação de cinema (sic) da Fucucu tivesse seguido as instruções de Rose Carvalho, diretora de Belas Artes, a estréia deste filme deveria motivar áreas ligadas a leitura - de bibliotecários a livreiros - pois o filme é uma "ode à leitura e à generosidade humana", como escreveu o crítico do "L'Evenement". Já "Le Nouvel Observateur", observou que "Michel Deville, ao contrário de Truffaut, que era um cineasta que amava os livros, é um diretor que ama a leitura e sobretudo as leitoras". "France Soir" assim definiu: "Um júbilo total e durável: delicioso, ao mesmo tempo engraçado e terno".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
06/09/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br