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Aramis

A Iguaçu que deixou saudades

Às 10 horas e 55 minutos de 27 de maio de 1977, a Rádio Iguaçu, a terceira do Paraná e uma das líderes de audiência em Curitiba, saia do ar. O presidente da República Ernesto Geisel considerou perempta a concessão outorgada à rádio e determinou ao Dentel as providências para interrupção imediata de suas transmissões. Na noite anterior, a programação foi normal, mas já nesta quarta-feira, desde às 9 horas, os ouvintes não escutaram mais qualquer comentário ou comercial, que foram substituídos por uma programação final, composta de músicas de Chico Buarque, Vinícius, Toquinho e outros. A cada quarto de hora, um locutor interrompia para dizer: "ZYE 354, 10 quilowatts de som de verdade. Para ficar na lembrança". A emoção de ver uma rádio já há 31 anos no ar, de repente ser lacrada sem qualquer justificativa, tomou conta de toda a equipe de trabalho. Nestor Baptista, o último locutor a entrar no ar, teve a triste tarefa de comunicar aos ouvintes o silêncio da Iguaçu. Nunca mais Curitiba ouviu seus anúncios, sempre começando por um "na Curitiba da Rua das Flores" ou "na Curitiba de Freire Maia". Nem Ivan Curi dizer, no último noticiário, à meia-noite, o "é calmo o início da madrugada". Mas se a tristeza e a indignação foi grande para a equipe de trabalho, logo começaram as manifestações da população curitibana, principalmente entre os jovens que compunham a maior faixa de audiência da Iguaçu. Estudantes de comunicação da Universidade Católica do Paraná iniciaram um abaixo-assinado, cartas de solidariedade eram enviadas a este jornal e na cidade, paredes e ruas apareceram pichadas reclamando sua volta. Ninguém jamais se conformou com a perda da Iguaçu, antiga Guairacá, que há 31 anos de existência, conseguiu se tornar uma das emissoras mais bem equipadas do país, que naquele tempo já tinha toda sua programação gravada em cassete. Em 68 foi incorporada à organização Paulo Pimentel, sem nunca deixar sua proposta final, de levar à população de Curitiba uma rádio capaz de competir com as melhores. E isto ela conseguiu.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
16
27/09/1991

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