Independentes, a melhor opção para o nosso com
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de dezembro de 1985
A prença cada vez maior de disco independentes e álbum brindes ( aqueles de excelente qualidade, mas que não são colocados nas lojas) entre os melhores do ano, vem comprovar uma verdade simples e objetiva: enquanto as gravadoras voltam-se cada vez mais a um comercialismo descartável, o melhor do talento brasileiro tem que buscar formas alternativas para chegar ao público. Assim, não é de estranhar que em termos de música popular brasileira - tanto vocal como instrumental - o que de melhor apareceu em 1985 foi graças a discos, como os álbuns duplos de Herminio Bello de Carvalho (uma espécie de inventário de sua obra), Alcyr Pires Vermelho e Dorival Caymmi, até as emocionantes canções de Marcio Proença (com Nana Caymmi e Lucia Lins) e ao experimentalismo da temporada. Lamentável apenas que estes discos não sejam facilmente encontrados divulgados em rádios. Mas, pensamos nós, merecerem registros na imprensa, ao menos como alerta.
Internacionalmente, Barry Manilov, ex-suave baladista, foi a grande presença com um disco explêndido "2:00 AM - Paradise Café" (RCA), em que desfilou canções belíssimas, sem intervalos, com participações esplêndidas (Gerry Mulligan, Mel Thormé, Sarah Vaughan), em momentos da maior beleza. Algumas boas trilhas sonoras editadas - "A premiada" (Oscar-85), "Passagem para a Índia", "Em Algum Lugar No Passado", a futurista "Cal"(cujo filme talvez nem chegue ao Brasil), foram momentos especiais - alternando-se com um esplêndida regravação da obra-prima dos musicais ("West Side Story"), com vozes operísticas, enquanto Barbra Streisand, em boa hora, revisitou os grandes momentos da Broadway, trazendo inclusive alguns temas de Stephen Sondheim, de musicais recentes, que permaneciam inéditos no Brasil.
No jazz, Mauricio Quadrio continou a lançar ótimos lps pela CBS - inclusive de talentos novos como o pianista japonês Makoto Ozone, a maior revelação do ano; Polygram também segurou a peteca, com reedições da Verve e alguns lançamentos novos - inclusive da ECM. E a brava Imagem, de Jonas Silva, trouxe o ótimo catálogo Timeless. No mais, houve muitos clássicos e, para algumas gravadoras, a sobrevivência foi garantida pela música rural/ rurbana - mas que são campos que, infelizmente, por falta de espaço, não pudemos apreciar neste nosso rápido retrospecto. Fica para outra ocasião (AM).
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