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Aramis

Revisão Crítica, um grande risco

Em qualquer revisão crítica do ano que passou, em termos artísticos-culturais, os riscos são grandes. Omissões, enganos e, naturalmente, compreensíveis posicionamentos pessoais - p tão famoso "gosto não se discute"(mas que, absolutamente, deve ser discutido e questionado) tornam difícil qualquer approach das atividades criativas no período estanque de doze meses. Assim, sempre procuramos cumprir o trabalho profissional de apresentar nas páginas de O ESTADO DO PARANÁ - em duas décadas de interrupta participação - revisões abrangentes, sem qualquer pretensão de estabelecer verdades ou opiniões finais. Seria impossível uma revisão detalhada - mesmo em termos regionais da produção literária, teatral, musical ou cinematográfica, pois vários fatores prejudicam um a avaliação mais fria. Afinal, só agora é que começam a aparecer editoras profissionais entre nós (Criar, de Roberto Gomes; HDV de Vicente Athayde), retirando assim o autor da humilhante condição de financiador de seu próprio livro. Por exemplo, só em 1985, graças a sensibilidade de Roberto Gomes, a mais admirável poeta do Paraná, Helena Kolody, 72 anos, teve um livro editado sem que ela tivesse que subsidiar o seu custo. E com toda razão, pode-se considerar este, talvez o fato mais significativo em termos editoriais no ano que passou: um reconhecimento, embora mais do que atrasado, ao lirísmo desta grande poeta paranaense. Como dona Helena Kilody, muitos outros - dezenas - escritoras(es) publicaram seus livros em 1985. Trabalhos maiores ou menores, não importa. Significam a vontade de comunicar pela palavra um universo de sensibilidade. Nos palcos muitas montagens - amadores e profissionais, medíocres e competentes, que exigiriam espaço muito maior do que dispomos para uma análise mais demorada. Assim mesmo, Cesar Ribeiro Fonseca, produtor cultural, membro da comissão que outorga os prêmios Gralha Azul, faz uma análise pessoal (e sucinta) do ano teatral que passou. A MÚSICA - Campo mais amplo, a música - seja popular ou erudita comportaria, a exemplo do que ocorreu em anos anteriores, demoradas listagem em seus vários gêneros. Infelizmente, pôr questões editoriais e de espaço, deixamos este ano de reunir as opiniões de José Domingos Rafaeli, do "Jornal do Brasil", na área do jazz; do pesquisador Alceu Schwaab, 61 anos, que criteriosamente acompanha particularmente o panorama musical-fonográfico e de Carlos Augusto Gaertner, do "Correio de Notícias", com lisagem [listagem] da área pop., respectivamente. Pessoalmente, emitimos nossas listagens, traduzindo uma visão sintética daquilo que mais nos impressionou entre produções fonográficas registradas indistintamente ao longo de doze meses. Apenas como uma sucinta memorização do que demais importante aconteceu musicalmente no ano que agora chega ao final, trazemos estas listagens. Que, bem ou mal, mostram quem apesar de todo o comercialismo na indústria cultural, em jogadas de marketing de profissionais de vendas que substituíram os outora competentes diretores artísticos e produtores das gravadoras (só isto, para explicar tantos grupos de rock etc. do pior nível, que tiveram enorme cobertura nos últimos meses ), ainda há , felizmente gente de talento fazendo música. Para alegria dos que tem no som, na harmonia, na criação musical, mais do que um simples entretenimento, um prazer e uma preocupação cultural. (AM)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
RETROSPECTIVA 85
22
31/12/1985

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