Ivan, um animador cultural do povão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de abril de 1988
Além de compositor, acordeonista e especialmente, produtor fonográfico que pela sua BG Gravações vem proporcionando que os mais humildes artistas regionais façam seus sonhados discos, Ivan Graciano é também um animador das noites curitibanas. Há quase 20 anos, quando seu pai ainda estava em atividade, foi o primeiro a perceber as potencialidades do forró, explorando por muito tempo animados bailes populares na Sociedade União Bacacheri.
Mais tarde, transferiu o "Forró de Nhô Belarmino & Nhá Gabriela" para Santa Felicidade, ali abrindo espaço para muitos artistas populares. O seu sucesso despertou a ira do então vereador Ivanil Stival, que não sossegou enquanto não conseguiu cassar o alvará do estabelecimento. Mas Ivan não desistiu: com um público seguro, bem relacionado, levou sua alegria musical a outros espaços na Sociedade Rio Branco, no bairro do Ahu de Baixo, depois em São José dos Pinhais, no Barigui do Seminário e, finalmente, no "Arco Íris" (Avenida Churchil, 309), hoje arrendado ao músico Marabá (Antonio Pereira dos Santos), que com seu conjunto de baile já fez cinco elepês.
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Atualmente, Ivan Graciano vem desenvolvendo um novo tipo de animação musical: a convite de Doático Santos, administrador da Freguesia do Pinheirinho, criou o programa "Sexta-Feira Alegre no Terminal", que, todas as sextas-feiras transforma o amplo espaço livre do terminal rodoviário daquele bairro num ambiente festivo. A custo zero para o município - explorando apenas o serviço de bar e restaurante, que instala no local - Ivan oferece seis horas de animação musical, abrindo espaço para artistas regionais como Flor da Mata, Campinho e Campeiro, o palhaço Pequeno Polegar, além de um grupo instrumental formado por Adoniram Lemos (guitarra), Ivanildo (bateria), Giovan (baixo) e os cantores Tito Silva (música nativista), João Aguinaldo (tangos e boleros) e Meire Mendes (música popular romântica).
A experiência, iniciada há seis meses deu certo. Pelo terminal passam mais de 70 mil pessoas e, às sextas-feiras, depois das 19 horas, quase 10% destas acabam tendo ali algumas horas de um lazer gratuito, já que não é cobrado ingresso. Apenas as despesas de cerveja e petiscos, mas sempre dentro de preços populares, fiscalizados.
Briga? Algumas inevitáveis confusões rápidas - prontamente atendidas pelos policiais do módulo ali existente. Como diz Ivan:
- Até em clubes da alta sociedade há brigas! Porque então pretender que não aconteçam no forró das sextas?
A idéia - um ovo-de-colombo em termos de lazer -, deu certo, e Graciano só não estendeu a festa a outros terminais porque isto demanda uma equipe e ele, recuperando-se de grave acidente automobilístico, teve que deixar o comando da festa ao seu filho, também acordeonista, Gilvan, 19 anos.
Numa visão do lazer popular, dentro da espontaneidade que deve caracterizar manifestações junto às comunidades mais humildes, Ivan Graciano é um animador cultural que merece ser valorizado. Assim como hoje, passados 4 anos da morte de seu pai, Salvador Graciano, não há quem não reconheça a importância que Nhô Belarmino teve para a música popular do Paraná, durante 4 décadas um dos nomes mais populares e queridos do Estado, com seu acordeon, seu humor e sua presença tão tipicamente paranaense, ao lado da grande companheira Gabriela, em programas de auditório, em festas, sociedades do Interior - enfim por todo o nosso Estado.
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